Por Thiago Chaves, Professor da Unifanor-Wyden e colaborador do Discografia

Mais de duas décadas separam a estreia do Oasis no formato MTV Unplugged e da volta do programa que consagrou e levantou carreiras como nenhum outro produto da indústria musical. Quem viveu os anos 1990 sabe o que era esperar pelo próximo acústico e muitas vezes ouvir no repeat músicas já conhecidas. Podemos antecipar: Liam Gallagher saldou sua ausência naquela noite em que Noel, o irmão por trás de 10 entre 10 sucessos do Oasis até o terceiro disco, tomou a frente da banda e conduziu a gravação do especial naquela noite para aquele formato.

Escutar o irmão mais novo como front e dono de uma agora bem sucedida carreira solo pode amenizar a lacuna que os mais jovens não tiveram a oportunidade de acompanhar: uma das maiores bandas dos últimos 30 anos. Liam em entrevistas passadas dizia que Oasis era uma Ferrari. Bonita de se ver, boa de dirigir, mas rápida o suficiente para sair de controle. Nenhuma metáfora poderia resumir tão bem o conjunto inglês. E infelizmente era verdadeira.

Em 1996 o Oasis fez vários shows seguidos para 250.000 pessoas. Algo inimaginável nos dias atuais. Popularidade em alta e o formato acústico eram as chaves do sucesso numa época em que vendas de discos significavam sucesso fonográfico. Para muitos, o fim do Oasis não ocorreu em agosto de 2009, mas na ausência (proposital?) de Liam naquela noite. Aquele dia antecipou o que estava por vir: discos fabulosos, brigas públicas, fim da banda e carreiras solos promissoras.

No seu novo trabalho, o irmão briguento, que agora vive uma outra fase de sua vida profissional, deixa de lado o barulhento e guitarras altas para entrar numa fase criativa e promissora como compositor. Os arranjos orquestrais do disco mataram a saudade do formato MTV. A geração streaming definitivamente precisava disso. Não é à toa que o disco já ocupa primeiro lugar em formato físico na Inglaterra… Sim, nós compradores de discos ainda existimos!

Canções como Some Might Say, Champagne Supernova e a belíssima e fundamental Cast No Shadow resgataram o Oasis que ainda pulsa em Liam. De sua fase solo ele pesca Wall of Glass, Gone e a confessional One of Us (leitor, escute a canção e veja o clipe…você vai entender). Do baú de memórias Liam canta a clássica Sad Song, sempre entoada por Noel.

Liam em excelente forma, uma banda extremamente compromissada com o repertório e um teatro, não em Manchester, mas em Hull City, parece ser a prova que os constantes pedidos de Liam pela volta do Oasis são apenas um capricho pessoal. O primogênito já pode pilotar sua Ferrari.

P.S: O documentário As it Was (liberado em uma plataforma de streaming) é uma excelente forma de conhecer o Liam desses novos tempos.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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