A ideia tinha tudo pra ser um fracasso comercial. Até o criador dela sabia disso. Um disco de rock criado no improviso, sem preocupação de ter um single pra tocar no rádio, com longas viagens instrumentais e inspirado no que faziam os mestres do jazz. Contrariando as expectativas, Super Session foi um sucesso de crítica e vendas, e tornou-se referência no gênero.

A ideia foi do músico e produtor Al Kooper, que convidou o guitarrista Mike Bloomfield para o projeto. Eles se conheceram quando integravam a banda de Bob Dylan – é de Al o celebre teclado de Like a rolling Stone. Kooper, instrumentista experiente, havia formado e saído da banda Blood, Sweat & Tears, e agora trabalhava como produtor da gravadora Colúmbia. Bloomfield havia deixado a Paul Butterfield Blues e montado a Eletric Flag. A admiração do primeiro pelo segundo era confessa e ele não teve dúvidas de quem seria seu convidado para o projeto.

O problema é que Bloomfield tinha problemas de insônia e, após a primeira sessão de gravação do disco, acabou sumindo no dia seguinte. Kooper precisou correr atrás de outro guitarrista para completar Super Session e, assim, Stephen Stills entrou na jogada. Recém saído do lendário Bufalo Springfiend e às vésperas de integrar o Crosby, Stills, Nash & Young, ele foi lá e deixou registrado seus dedilhados.

O resultado é intrigante, sem preocupação em se encaixar em gêneros e, mesmo com longos solos de três virtuoses, as faixas têm um apelo pop que foge da chatice. A belíssima balda Man’s temptation, do mestre Curtis Mayfield, é uma das poucas que têm vocal e renderia um bom single, além de ser um boa trilha romântica. A banda que acompanhou o trio é formada por Harvey Brooks (baixo), Eddie Hoh (bateria) e Barry Goldberg (piano elétrico nas faixas 1 e 2). A produção ficou com Kooper, que teve aqui seu maior sucesso de crítica e vendas, e voltaria a gravar discos com Bloomfield no futuro. Lançado em 1968, Super Session teve uma segunda versão – com registros inéditos daquele encontro – lançado em CD em 2003.

Veja todas as faixas

1. Albert’s Shuffle (Al Kooper/ Mike Bloomfield)
2. Stop (Jerry Ragovoy/ Mort Shuman)
3. Man’s Temptation (Curtis Mayfield)
4. His Holy Modal Majesty (Al Kooper/ Mike Bloomfield)
5. Really (Al Kooper/ Mike Bloomfield)
6. It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry (Bob Dylan)
2. Season of the Witch (Donovan Leitch)
3. You Don’t Love Me (Willie Cobbs)
4. Harvey’s Tune (Harvey Brooks)

>> Man’s Temptation (Curtis Mayfield) por Carlus Campos

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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