Estamos caminhando para o quarto mês de quarentena. São quase quatro meses em que os alunos estão fora das salas de aula, em todos os níveis, seja no ensino público ou no privado.

Situação igual, a geração de hoje nunca viu, pois o caso semelhante mais recente de que lembramos é o da gripe espanhola, que também assolou o mundo, com impactos devastadores, entre os anos de 1918 a 1920

No momento em que estamos vendo estados e municípios implementarem medidas de flexibilização da quarentena, outras informações nos chegam mostrando que a curva de contágio do Brasil deve continuar numa ascendente, diferente de países da Europa e Ásia, que estão em processo de flexibilização.

Essa flexibilização que vemos, tem levado as pessoas a acharem que as escolas também voltarão em breve a ter aulas presenciais, normalmente.

Não vão! Nem brevemente, nem normalmente.

As escolas, quando voltarem, terão que se adaptar muito. Não será uma volta como se estivessem voltando das férias. As coisas não serão mais iguais!

Vamos ter um protocolo de saúde, de impacto emocional, vamos precisar de ações de acolhimento aos alunos, como se fossem novos.

Estamos falando de ensino de um modo geral, mas se olharmos para o ensino fundamental e médio, vamos observar que as escolas têm feito o possível para manter os alunos em atividades normais através da Internet e das redes sociais.

Não tem sido fácil! Os pais que o digam, o quanto precisam ficar mais próximos das tarefas escolares passadas via on-line aos seus filhos. A pandemia tem permitido uma grande aproximação dos pais com os filhos, bem como se aproximarem do que eles estão aprendendo. É claro que a qualidade não é a mesma. Precisa, e muito, do reforço dos pais para esse processo de aprendizagem. Novos tempos!

No ensino superior tem sido, relativamente, menos difícil essa adaptação, pois os jovens manejam bem as redes sociais e as plataformas digitais. Às vezes, mais que os professores!

Os professores, por sua vez, terão que se adaptar ao ensino à distância, pois na volta – Deus sabe quando – teremos uma “nova escola” com alguns componentes curriculares continuando a serem ministrados por via remota, com toda certeza.

Como as escolas vão receber seus alunos, na “volta”?

Estudos feitos por pesquisadores mostram que a retomada das aulas após crises agudas, como desastres naturais, guerras e mesmo pandemias, que as escolas conseguem sobreviver normalmente e até mesmo melhorar em ambiente adverso.

Haverá que ter ações e um protocolo de saúde e higiene. Coisas do tipo: trocar os sapatos ao entrar na escola, uso de máscaras, álcool em gel e pias próximas das salas de aula, distância regular entre as carteiras dos alunos… são cuidados que, certamente as autoridades em saúde vão decretar.

O jornal O Estado de S. Paulo de 01 de junho trouxe uma entrevista com a presidente do movimento Todos Pela Educação, a dra. Priscila Cruz, em que ela aborda essas questões e outras.

Diz ela que “os Estados que não estiverem se planejando para isso já estão atrasados”. Digo que as instituições de ensino que não fizerem o mesmo também estão!

Trabalho numa instituição de ensino que, desde o primeiro dia da quarentena, já se preocupou com seus alunos, com os professores e com os funcionários. Está trabalhando, portanto, a pleno vapor, levando aos seus alunos o que de melhor se pode oferecer on-line. A reitoria da Universidade Presbiteriana Mackenzie, seus coordenadores, professores e funcionários não medem esforços para “encurtar” a distância dos alunos em todos os sentidos. Não é uma tarefa fácil! Ninguém estava preparado, para, de repente, mudar totalmente seu modo de agir.

Ainda conforme a professora, há alguns outros riscos: 1) defasagem na aprendizagem; 2) desigualdade, pois as escolas se diferenciam na qualidade do ensino remoto aos alunos; 3) abandono escolar e 4) questões emocionais não tratadas. Tudo isso, diz ela, “tem reflexo no desenvolvimento cognitivo e que a educação sozinha não vai dar conta, temos que ter um trabalho de união com a saúde, economia e assistência social.

Finalizando: temos que estar todos unidos para que a educação, tão carente em nosso país, não caia ainda mais em sua qualidade.

Nós estamos fazendo a nossa parte!

Gilson Alberto Novaes é professor de Direito Eleitoral e diretor do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie – campus Campinas.


Para ler outros artigos, confira nossa seção “Reflexões“.

About the Author

Eduardo Siqueira

Um jornalista que ama Educação. Minhas experiências me fizeram imergir no universo da Educação, sentindo todo o seu poder transformador e percebendo o quanto ela ainda precisa de apoio. Aqui, busco fazer minha parte e ajudar as pessoas a compreendê-la nem que seja um cadinho.

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