A Fundação SM e a Quero na Escola promovem um projeto de apoio emocional para educadores por meio de ações voluntárias de psicólogos e psicoterapeutas.

 

Os educadores são especialmente afetados pela pandemia de Covid-19 e também precisam de apoio emocional. Para deixar milhões de alunos fora da escola e conter o contágio por coronavírus, o isolamento foi decretado. Com isso, os professores tiveram que realizar um trabalho on-line. O problema é que eles não foram formados para isso e têm angústias próprias de quem conhece as vulnerabilidades de seus alunos. Para ajudá-los, foi lançado o projeto “Apoio Emocional”, realizado pela Quero na Escola e Fundação SM.

Educadores que queiram uma escuta profissional ou ajuda para lidar com as angústias de seus estudantes podem se cadastrar para receber atendimento. O projeto é voluntário, gratuito e online. Psicólogos e psicoteraupeutas estão sendo convidados a participar desta ação que reconhece o esforço das professoras e professores e valoriza a saúde emocional como necessidade para a educação no contexto da pandemia.

“Eu tinha aluna pra ganhar bebê, outra que passa necessidade e nem temos os contatos deles”, comenta uma professora. “Tenho aluno com ansiedades cada vez maiores, que me mandam mensagem até de madrugada. E eu não sei como lidar”, coloca outro educador do grupo ouvido pela Quero na Escola.

A diretora da Fundação SM, Pilar Lacerda, ex-secretária Nacional de Educação Básica, enfatiza que a pandemia provocou uma grande ruptura em toda lógica de funcionamento do sistema escolar.

“Crianças, adolescentes, jovens, suas famílias, mas principalmente os educadores, sofreram uma imensa transformação em suas rotinas, hábitos e maneiras de trabalhar. Muitos educadores têm reclamado de angústia, cansaço, solidão. Toda a comunidade escolar anda precisando de apoio e escuta”, comenta.

Pelo site do Apoio Emocional, educadores se inscrevem para pedir uma escuta para si, uma roda online com os alunos, uma aula sobre como abordar o tema ou o que acharem que precisam.

“Os professores não ganharam matéria em jornal e nem aplausos porque não são considerados “linha de frente” como profissionais da saúde, mas são a retaguarda fundamental e precisam de apoio”, comenta Cinthia Rodrigues, cofundadora do Quero na Escola.

Os números justificam o apoio

Diferentes pesquisas apontam a fragilização da Saúde Emocional na Educação durante a pandemia. A pesquisa “Juventude e a Pandemia do Coronavírus”, do Conselho Nacional de Juventude, apontou que a saúde emocional piorou para 70% dos mais de 30 mil estudantes consultados.

Já a pesquisa “Educação escolar em tempos de pandemia na visão de professoras/es da Educação Básica”, da Fundação Carlos Chagas, mostra que o trabalho aumentou para 65% dos educadores. Para além disso, metade está com mais ansiedade e dificuldade emocional do que antes da pandemia

No primeiro momento, todos olharam para a saúde, pensando em hospitais e no distanciamento social. Agora é o momento de lidar com os traumas em consequência da Covid-19. E isso começa pelo local de formação da sociedade e pelos professores responsáveis por crianças e jovens.

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Eduardo Siqueira

Um jornalista que ama Educação. Minhas experiências me fizeram imergir no universo da Educação, sentindo todo o seu poder transformador e percebendo o quanto ela ainda precisa de apoio. Aqui, busco fazer minha parte e ajudar as pessoas a compreendê-la nem que seja um cadinho.

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