“Tantos de nossos sonhos a princípio parecem impossíveis, depois improváveis e, então, quando invocamos nossa vontade, tornam-se logo inevitáveis. Se podemos conquistar o espaço exterior, podemos conquistar também o interior – a fronteira do cérebro, do sistema nervoso central e de todas as doenças do corpo que destroem tantas vidas e roubam de nosso país tanto potencial.”

Christopher Reeve (Superman)

Da tragédia comovente do Rio de Janeiro, da erupção do vulcão islandês ao descompasso do clima no nosso planeta, nunca se falou tanto de um assunto que não da fisioterapia. Uma profissão que está há 40 anos no Brasil para trazer esperança a muitos que tiveram suas vidas limitadas por doenças em que há necessidade da intervenção fisioterapêutica que promova a qualidade de vida, reintegre socialmente o indivíduo e restaure a integridade do corpo frente a uma injúria, como o traumatismo raquimedular apresentado na novela das “oito” da Rede Globo. Não queremos discutir nem revisar as técnicas da atriz-fisioterapeuta ao “tratar” uma das personagens da novela, Luciana, que sofreu um desastre de automóvel e esteve internada devido a lesão medular, ocasionando um quadro de tetraplegia. Numa das cenas, ela estava conseguindo mover apenas a cabeça. Com muito esforço e muitos exercícios direcionados para o seu problema, a “paciente” voltou a esboçar alguns gestos corporais que foram interrompidos pelo acidente. Para quem estava assistindo a esse episódio e já testemunhou ou já experimentou esse tipo de sensação, foi emocionante. Impossível não lembrar de cada pessoa que consegue depois de algum tempo voltar a ficar em pé, movimentar uma das mãos, sentar-se…, fazer um movimento voluntário e intencional quando solicitada. São momentos que, para as outras pessoas, poderiam não ter nada de especial. No entanto, para os fisioterapeutas e seus pacientes, este é o resultado de muito esforço, vontade, perseverança, paciência e trabalho em conjunto com outros profissionais e familiares. Na vida real ou na ficção, devemos ressaltar o papel decisório da reabilitação em todas as etapas de uma doença e parabenizar os fisioterapeutas, que estão muito bem retratados na rotina de um doente e de todos aqueles que foram melhorados através dessa nobre tarefa de cuidar de vidas. Felizmente, a evolução científica tem trazido enormes progressos na cura de doenças, a mais recente é a utilização de células-tronco, que no Brasil, de forma inteligente, tiveram liberado seu uso para pesquisas, entre elas nas doenças neurológicas que atingem milhões de brasileiros. A edição de outubro de 1998 da Brainwork, importante publicação da área de neurociência, já previa que poderíamos sonhar com um futuro promissor na área da saúde. À época, os pesquisadores afirmaram que, na lesão de medula espinhal, o fatalismo acabou; foi substituído pela certeza de que serão encontradas formas de ajudar as vítimas de lesão medular a se recuperar. E esperamos que nos últimos capítulos Luciana se recupere para ter de volta sua graciosidade ao mesmo tempo em que a mídia revela como é possível superar um problema para o qual o significado de pequenos gestos é, na verdade, uma grande conquista.

*Fisioterapeuta

Fonte: Zero Hora

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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