Alguns episódios  ocorridos nos últimos tempos  nos chamam atenção, durante muitos anos não sentíamos a expressão ou ação: concorrência na fisioterapia, tínhamos talvez um sentimento leal e amigável, talvez ético ou hipócrita, não sei definir, mas posso afirmar vivíamos em uma certa paz, sem dor e muito menos situações  constrangedoras.  Fazem-se novos tempos e fico triste por condutas tomadas desnecessariamente, não são de concorrentes, mas de medíocres, não que nós também não o sejamos, até por que tive a oportunidade de ler José Ingenieros e em uma das suas obras, talvez a melhor já lida por mim nesses anos, O Homem Medíocre. Ele nos fala: “Ninguém pensa, onde todos lucram; ninguém sonha, onde todos tragam.” Dessa forma sinto a necessidade de dividir novas ou mesmo velhas situações por mim passadas nos últimos dias.

Semana passada uma colega me ligou e eu cordialmente não só atendi o celular quanto permiti a mesma expressar suas ideias, não era bem ideias, no inicio uma explanação sobre cirurgia cardíaca, revascularização e reabilitação respiratória, eu estava muito ocupado e não lembrava se tinha solicitado uma aula por telefone, mesmo assim, ouvi tudo e ainda mais, não era bem uma aula, mas sim uma indagação. Tínhamos uma paciente em comum e essa fazia fisioterapia três vezes por semana com a colega e duas vezes comigo no intuito de manter  um equilíbrio  e  estabilização dos seus sistemas por conta de sua idade e por problemas de saúde já sofridos .  Viver de forma equilibrada, mas com qualidade de saúde é o que todos buscam. A paciente resolveu inverter a ordem do processo, agora seria três vezes comigo e duas com a colega e essa atitude foi causa de toda essa reflexão, a colega se sentiu invadida e nos procurou, afirmando confiantemente que necessitava dos três dias da semana e não só dois para alcançar seus objetivos.

Uma paciente encontrou outro dia em um prédio comercial, um ex-fisioterapeuta que trabalhou comigo e ele simpaticamente a abordou, “você lembra de mim?”, “sim eu lembro, você fazia parte da Fisio Vida” , o mesmo respondeu: “agora tenho consultório próprio, a Sra. Não gostaria que eu a atendesse, não vou cobrar nada, apenas quero mostrar o quanto posso oferecer”. Ontem mesmo um paciente chegou meio incomodado em nossa clínica e falou: “Jorge o médico falou que meu caso é cirúrgico” até ai muito bem, esse papel é médico. O pior veio depois, “ele falou que só faz cirurgia se a fisioterapia for feita por sua fisioterapeuta e eu não quero isso, o que devo fazer?.” Outro médico relatou a paciente que a mesma não deveria fazer pilates e sim uma ginástica postural, só oferecida na clínica em que ele tem participação no lucro.

Muitos e muitos relatos nos chamam a atenção, temos encaminhado pacientes a colegas para fazer algumas análises, elas não são concretamente confiáveis, mas nos mostram diretrizes, por exemplo, baropodometria.  O paciente retorna do exame nos contando em milímetros os resultados e o quanto gostou do fisioterapeuta e de sua  avaliação, só não entendeu a campanha feita para ser tratado com o próprio em sua clínica .  O colega fisioterapeuta não entendeu o quanto esse  ser humano valorizava o tratamento  por nós oferecido, se ele foi encaminhado e aceito a sugestão, isso é prova daconfiança em nosso trabalho, na medida em que foi abordado em nos deixar, seria falta de lealdade.

Vou ficando por aqui, em blog não podemos nos expandir tanto, mas em outra hora vou contar de absurdos vividos. Estão perdendo a noção, faz-se necessária reflexão sobre esse momento tão perturbado no mercado de trabalho da Fisioterapia.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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