Desde 1996 há domínio completo de Fortaleza e Ceará no Campeonato Cearense. Neste período, o tricolor foi campeão 11 vezes e o alvinegro ficou com os outros 10 títulos.

A edição 2017, agora nas quartas de final, obedece também ao favoritismo da dupla, mas seja lá quem for campeão, a temporada não estará salva.

Os acontecimentos destes dois meses de trabalho deixam tudo muito evidente. Ceará e Fortaleza vivem crises muito parecidas e estão com seus torcedores em estado de indignação profunda mesclada com desânimo e resignação. Guardadas as proporções dos objetivos que cada um traçou para a temporada, ganhar o estadual serve apenas como cortina de fumaça.

Os torcedores dão muito valor quando a vitória é sobre o rival – é assim que o futebol sobrevive – mas sabem perfeitamente também que o tricampeonato do Fortaleza ou o título do Ceará têm mínima importância para os desejos deste ano.

Evidente que o estadual tem a sua importância. Não sou daqueles que defendem seu fim, apenas é certo a necessidade urgente de mudança, que clubes e federações insistem em não ver para a manutenção dos privilégios de sempre. Assim, as torcidas, dotadas de senso crítico que vem ficando mais relevante ano após ano – basta ver as irrisórias médias de público do estadual e interpretar as repercussões dos jogos – sabem que a taça vai servir mais como enfeite do que como orgulho.

É por isso que as cobranças por acesso e bom futebol, hoje perspectivas longínquas, vão continuar.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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