Na exposição de caricaturas Patronos e Fundadores – 120 anos da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis aparece com o patrono que escolheu para a cadeira 23, da qual foi o primeiro ocupante. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Criada em 1897, a Academia Brasileira de Letras (ABL) adotou o mesmo critério de formação de sua inspiradora, a Academia Francesa: 40 membros fundadores, que escolheram como patronos nomes importantes, já falecidos, das gerações literárias anteriores. Como parte das comemorações pelos 120 anos da instituição, completados em 20 de julho último, a ABL inaugurou na terça-feira (31) a exposição Patronos e Fundadores, com desenhos de Cássio Loredano, um dos mais importantes caricaturistas brasileiros.

A mostra é composta de 40 caricaturas duplas, que retratam os fundadores de cada cadeira da academia, lado a lado com os respectivos patronos. Machado de Assis, por exemplo, primeiro ocupante da cadeira 23, homenageou um outro grande escritor do século 19, José de Alencar (1829-1877), e Rui Barbosa, fundador da cadeira 10, elegeu como patrono o jornalista e político Evaristo da Veiga (1799-1837).

A série foi encomendada a Loredano em 2002 pelo então presidente da ABL, o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva. Depois de exposta uma primeira vez em 2005, passou a fazer parte do acervo da academia. Com a programação dos 120 anos da casa, o atual presidente, Domício Proença Filho, e a acadêmica Nélida Piñon tiveram a ideia de reviver a exposição.

A mostra segue a sequência numérica das 40 cadeiras, acompanhada de textos biográficos dos patronos e fundadores. Presente à inauguração, Cássio Loredano disse que buscou interpretar o perfil psicológico dos primeiros membros efetivos da academia e de seus escolhidos patronos.

“A caricatura, a partir da segunda metade do século 20, ficou mais ‘psicologizante’, não se atém só aos traços fisionômicos, mas também procura, na medida das possibilidades, o caráter do personagem. Mas, para mim, foi tudo prazeroso, porque eu me gabo de ser um bom leitor”, comentou, sobre o trabalho.

Admirador de Machado de Assis, o caricaturista deixou para o final os retratos do primeiro presidente da ABL e de seu homenageado. “O Machado de Assis foi um dos últimos que eu desenhei, quando já estava com a mão bem aquecida. Foi aí que eu fiz o retrato dele com o seu patrono, José de Alencar. Eu tinha, no início da minha carreira, apanhado surras homéricas da fisionomia do Machado, por adorar a literatura dele. Nunca os desenhos correspondiam ao ‘meu’ Machado, até que, em um determinado momento, eu consegui um bom retrato dele”, contou.

A exposição Patronos e Fundadores – 120 anos de ABL pode ser vista até março de 2018, com entrada franca, na sede da academia, localizada na Avenida Presidente Wilson, 203, no centro do Rio.

Com informações da Agência Brasil.

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Elves Rabelo

Jornalista, pós-graduado em Assessoria de Comunicação e, atualmente, atua em Comunicação Institucional. . Sugestões de pauta: elvesarabelo@gmail.com

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