No dia 05 de janeiro de 2013, recebi um email de Felipe Barenco:

Bem, você me deu liberdade e agora estou escrevendo… Terminei o livro!!! (…)

Bom, da mesma forma que tive a liberdade em lhe escrever, quero que você tenha total liberdade em não ler, caso não tenha vontade ou tempo. Mais do que isso: total liberdade para interromper a leitura em qualquer momento, caso comece a achar chato. (…)

E em anexo do email um PDF, com 203 páginas.

Comecei a ler pelo notebook, todas as noites antes de dormir, mas o sono e o cansaço, não me permitiam ler mais de uma página por noite, antes de cair no sono. Passava o dia pensando como a história ia continuar, até que decidi imprimir. Então ele virou meu companheiro de todas as horas, me acompanhou durante todo o tempo no qual estava tirando minha habilitação de carro e também nos meus primeiros dias de faculdade, principalmente naqueles momentos em que a gente se sente meio perdido por não conhecer nada nem ninguém.

Cada vez me sentia mais envolvido com a história, em alguns momentos eu ficava espantado com a semelhança das características pessoais do personagem com a minha. Mas um dia percebi que o livro estava quase chegando ao final, comecei a lê-lo bem devagar, como se isso fosse impedi-lo de acabar, mas não adiantou. (risos) Quando terminei de lê-lo, enviei um email ao Felipe com o seguinte título: Um Abacaxi Doce. Depois disso, tive o prazer de poder acompanhar e de fazer parte do processo de gestação do Fake.

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Fake, esse é o primeiro romance do escritor Felipe Barenco, que é formado em Direção Teatral pela UFRJ, escreve para teatro, televisão e cinema. Na internet ficou conhecido com o perfil de humor @donashakespeare.

 Em entrevista para o Homem ETC, Felipe fala um pouco do seu livro e levanta algumas questões sobre a temática homoafetiva:

 

Fake é o livro que eu gostaria de ter lido quando era mais novo, me preparando para o mundo adulto, tão cheio de perguntas e responsabilidades. Queria ter lido uma história que falasse sobre se sentir diferente. Conhecer um personagem que retratasse um pouco dos dilemas internos que estava sentindo ao entender que era gay. E, mais do que isso, que me tranquilizasse: não, você não está sozinho.

 

Porém, as poucas histórias que chegaram até mim tinham um tom que não me agradava. Por que romances gays tinham que ser vulgares? Queria ler uma história que falasse da paixão entre dois garotos, mas que não fosse apelativa. Queria ler algo tocante, capaz de me emocionar.

 “Fake” conta a trajetória do Téo, que acabou de passar para o curso de Direito e se apaixona por um rapaz que tem HIV. Escolhi abordar a doença (invisível, mas tão presente) sob outro ponto de vista: aos olhos de um personagem que não é soropositivo, mas que decide enfrentar a doença junto.

 O livro fala sobre a nossa busca de identidade, sobre os personagens que inventamos para nós mesmos, especialmente dentro de casa. Parece que se assumir gay hoje em dia é muito mais fácil. Será?

“Fake” fala sobre a chegada dos vinte anos, o abismo entre deixar de ser jovem mas ainda não ser adulto. Enfim, é uma história sobre o mais potente sentimento de descoberta dessa fase da vida e que não tem regra, não tem fórmula, não tem sexo: a revelação do que é o amor.

 

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– Antes de nascer, Deus me perguntou: “Téo, você quer ser platônico ou daltônico?”. Eu respondi rápido, me achando muito esperto: Daltônico não, não quero ver o mundo em preto e branco”. Então, Ele se vingou de mim: “Vai, Téo, siga platônico. E esteja fadado a enxergar cor onde simplesmente não existe.

(Foto:Cocota Nerd)

 

O livro foi lançado no dia 31 de julho e estáà venda somente no site oficial: http://livrofake.com.br/, por R$ 24,90, com frete grátis.