Visitar uma cidade é muito mais que turismo, é se conectar com novas vivências e descobrir novas texturas, novos gostos e novas cores. É descobrir, quem sabe, um pouco mais sobre si mesmo.

O Paracuru que existia na minha memória se resumia apenas a uma rua, a que me levava da “casa de praia” ao mar, mas o convite a redescobrir Paracuru que partiu da empresária Larisse Rocha me encheu de empolgação.

O roteiro começou pelo Hotel Vento Brasil, localizado a 100 metros do mar. O lugar é um convite a paz e a tranquilidade, ideal para curtir com a família ou a dois. Os quartos são amplos e confortáveis, climatizados, porém com janelas que permitem que a luz do sol entre e uma varandinha com vista para os enormes coqueiros que compõe a paisagem local. O frigobar é cheinho de delícias e o banheiro tem água quente.

O deck tem cadeiras de sol bem coloridas e a decoração é da própria Larissa, a piscina deixa saudade e os funcionários estão sempre prontos a ajudar. Outro ponto positivo é o gramado entre os quartos e o refeitório, dá vontade de pic nic. O coffebreak é diverso e muito gostoso.

Anexo ao Vento Brasil está o Temperos da Lala. O restaurante temático também está sob direção do casal Larisse e Pietro, que estendem a experiência da hospedagem para a gastronomia. O espaço é uma mistura de cores e estilo tropical, com destaque para o nordeste, assim como a comida.

O camarão na moranga é destaque, assim como os dadinhos de tapioca com carne seca, o melhor que já comemos!

A sobremesa é pra ficar na memória, “o mil folhas de tapioca” é a cara do lugar!

A noite, os protagonistas são os drinks, com gostos que passeiam pelos países latinos. Tudo pensado para ser uma real experiência.

Ao sair do hotel, em uma aventura de bugre pelas dunas de Paracuru, avistamos uma paisagem realmente impressionante e em pleno meio dia, chegamos a um verdadeiro oásis, os Lenções Paracuruenses. Além de ser cenário para as fotos, o mergulho é irrecusável!

Depois dessa visita, paramos para almoçar na tradicional Barraca Sapuril, o negócio é gerido pela família do senhor João Teixeira Nery, conhecido desde criança como “Sapuril” uma verdadeira lenda na cidade, ficamos sabendo que ele sofreu uma naufrágio em 1972 e desde então realiza uma procissão para São Pedro que reúne dezenas de pessoas a beira mar. Depois do cortejo, os fieis se reúnem na barraca, dançam forró e comem “Ki Manga” uma iguaria local feita de peixe assado e tapioca, a festa é oferecida pela família Ney como forma de agradecimento. Lindo demais!

O nosso cardápio por lá foi preparado pelo Glauber, peixe fresco frito com baião e macaxeira. Dos deuses!

Ao cair da tarde, Larisse nos levou a Praça da Igreja Matriz, onde se reúnem os artesãos. É possível levar presentes para todos os amigos, os preços variam de R$ 2 a R$ 150 reais. São 22 artistas registados que formam a feirinha há pouco de três anos e os produtos variam desde plantinhas a arte em madeira. As bordadeiras são um show a parte, e ficando um pouco mais, é possível conhecer toda a história de Paracuru sendo contada pela voz de quem viveu.

Dona Imaculada é um show a parte, cheia de energia, trabalha durante o dia e expõe a noite. O principal pedido do grupo do artesanato é por uma sede, onde os turistas possam comprar também durante o dia. Segunda o Secretário de Turismo conhecido como “Marijunho” a sede está próxima de sair, o prédio da antiga cadeira de Paracuru, localizado na praça, será reformado e revertido a esse fim. Tomara!

A noite de Paracuru é animada, as cadeiras na calçada e os restaurantes diversos fazem o clima agradável de cidade de litoral. Os preços são acessíveis e o cardápio variado.

Adoramos a panqueca de camarão do Mercado Encantado, o lugar é decorado com peças vintage vindas da Suécia.

 

A hamburgueria American Burger, do Marcelo é um convite a gula, tudo muito bem preparado, desde a carne que é feita com blend exclusivo ao pão, original da cidade.

A Casa Curu reúne arte e gastronomia, o lugar é gerenciado por Alice Lima e pelo esposo, o fotógrafo Clemens Bolde e tem layout único! Na parede, fotografias de bailarinas de Paracuru, as cadeiras são forradas com sacos de café e a parede desgastada é um charme a mais.

A especialidade da casa são drinks, que podem ser tomados no balcão ou nas mesas da calçadas, pintadas de rosa clarinho. Claro, fizemos várias fotos por lá e provamos os drinks. Ficamos de voltar para provar os peixes e lasanhas, mas aprovamos o couvert, uma cestinha de pães e azeites. Se for a Paracuru, pare na Casa Curu.

A manhã seguinte foi de muita arte, nossa primeira parada foi em um dos restaurantes mais conhecidos da cidade, O Rei do Scargot, que existe há mais de 30 anos e pertence ao francês Michel Gerard. O lugar é construindo na ponta do mar e garante uma linda vista.

 

 A média do prato para a família é de R$ 85, comem até quatro pessoas. O nosso pedido foi peixada, mas o scargot faz justiça ao nome.

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Bem satisfeitos com a refeição foi a hora de conhecer a Escola de Dança de Paracuru. Esse é um lugar que todos deveriam conhecer, emociona desde a entrada.

 

A escola existe desde 2000 e é dirigida pelo bailarino e professor Flávio Sampaio, uma referência na área, que depois de integrar o ballet Bolshoi sentiu a necessidade de levar a arte ao maior número de pessoas. Ao retornar a Paracuru, depois de dançar pelo mundo todo, alugou uma pequena casa no centro da cidade, no início foi difícil convencer os pais dos alunos, mas logo os dez alunos iniciais se tornaram 200 e a pequena casa se tornou uma associação com salas de dança, escritório e uma ampla quadra onde acontecem as apresentações.

“Esse é um lugar para se construir bailarinos mas também para se construir memórias, é um lugar de todos para todos” Diz Flávio emocionado.

Os alunos tem formação completa de dança que chegam a durar oito anos. Atualmente a Escola é a segunda com maior número de dançarinos homens e também é conhecida como “Escola dos meninos bailarinos de Paracuru”

Flávio, o meste!

Jadson Sales, de 19 anos, é um dos alunos, ele frequenta os ensaios diariamente e sonha em compor uma Cia. em São Paulo. “Aqui estou me construindo como pessoa e como bailarino, é como a nossa casa, crescemos aqui e devemos isso ao Flávio”. Diz o rapaz.

A Escola funciona através de apoios e editais e dos esforços de Flávio.

Paracuru é sem dúvida destino turístico o ano inteiro e um lugar que se deve voltar muitas vezes. Há muito ainda a que se descobrir e espero voltar muitas vezes!

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