FOTO: CAITRIONA DARCY

FOTO: CAITRIONA DARCY

A atmosfera que James Joyce criou para Dublin do século passado é magnífica. A capital irlandesa, à época, tinha ares de sucursal do império britânico. Nas descrições do autor, entretanto, a cidade era o local mais hospitaleiro da Europa. O quadro fica claro no conto Os Mortos – último dos 15 textos que compõem a antologia Dublinenses. Uma edição luxuosa do conto foi lançada no Brasil em versão bilíngue. Integrante da Coleção Mimo, da Editora Autêntica, o exemplar é tão deslumbrante quanto as descrições de Dublin feitas por Joyce.

O volume tem texto em inglês nas páginas pares e em português nas páginas ímpares. Uma afago para quem deseja eliminar as dúvidas do texto original imediatamente. A tradução e as notas explicativas são de Tomaz Tadeu. A narrativa, escrita por Joyce aos 25 anos, mostra um jantar tradicional promovido pelas irmãs Kate e Júlia e sua sobrinha Mary Jane. Gabriel Conroy, sobrinho das anfitriãs, é peça central da história. Casado com Gretta, ele é responsável por discursar no ápice na festa e realiza um enaltecimento a hospitalidade irlandesa – personificada no trio de parentes. Finalizado o jantar, quando os convidados se dispersam, o protagonista segue com a esposa para um hotel. E, lá, os leitores veem o ápice da história acontecer.

Joyce é lembrado na Irlanda até hoje como o escritor que registrou as melhores facetas de Dublin na literatura universal. Anualmente, os moradores da cidade celebram outra obra do escritor – Ulisses – em evento que deixa todas as ruas ocupadas por homens e mulheres caracterizados. Conforme O POVO registrou na última edição da festa, até os descendentes do autor são vistos transitando entre o público. Por lá, Joyce é memorado como homem que viveu um cidade de sonhos, de mortos, de vivos, de sabores e de (muita) musicalidade.

Isso acontece por que o autor descrevia os locais e as pessoas que estavam ao alcance dos olhos. Na recente edição de Os Mortos há um link para o aplicativo de mapas do Google, no qual é possível encontrar os lugares descritos na história. Na plataforma interativa é possível encontrar a Igreja de Adão e Eva (Church of Adam and Eve), o Parque Phoenix (Phoenix Park) e o Colégio da Trindade (Trinty College). O interessante é olhar as marcações simultaneamente a leitura do conto, acompanhando distâncias entre locais citados ou visitados pelos personagens.

Saiba mais
James Joyce (1882-1941) é natural da Irlanda. Morou em Trieste, Zurique e Paris. Além da coletânea de contos Dublinenses (1914), é conhecido pelas obras Ulisses (1922), Finnegans Wake (1939) e Um retrato do artista quando jovem (1916) – que figuram entre as histórias que despertam o modernismo ocidental.

Fãs do autor também se reúnem, anualmente, para encenar um jantar semelhante ao que acontece no conto Os Mortos. Em 2016, o evento aconteceu no hotel Wynn´s. Além da caracterização nas roupas, os pratos servidos são os mesmos do texto: ganso assado, pernil, batata, frutas e gelatina. Também acontece o memorável discurso do personagem Gabriel. Veja matéria completa aqui!

Serviço
Os Mortos – Edição Bilíngue
James Joyce
Tradutor: Tomaz Tadeu
Preço médio: R$ 47

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

View All Articles