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A estudiosa Maria Viana é conhecida pela ampla produção de livros didáticos e infantis. Após amadurecer um conjunto de narrativas durante 15 anos, entretanto, ela decidiu levar os textos ao público e lança, em 2016, o livro Silêncios no Escuro. São contos voltados para o público adulto que encantam pelas configurações poderosas. A escritora não parece afeita a escritos longos. Em poucos parágrafos consegue prender o leitor e deixar, sempre, a esperança de que as histórias se prolonguem por mais algumas linhas.


Composto por 16 contos, a obra é lançamento da Ateliê Editorial. O primeiro livro adulto da escritora é conduzido por dualismos naturais do ser humano: alegria e tristeza, morte e vida, presença e ausência. Assim, há a história da mãe que cuida pacientemente dos longos cabelos para, no último segundo, cortar as mechas e entregar para venda no caixeiro viajante. Resta ao pai, viúvo, utilizar o dinheiro para comprar o enxoval da criança.

Em outro conto, duas irmãs percorrem a vizinhança em busca de flores naturais para ornamentar o caixão do avô. É comovente observar na ingenuidade infantil presente no gesto sendo descrita pela autora. A figura paterna também é discutida na obra. Conto após conto, vemos situações conflitantes entre pais e filhas.

O livro é constituído de pequenas provas de desprendimento em favor do outro, fazendo o leitor pensar sobre as fronteiras que o amor pode romper ou construir. Para além das histórias aguçadas, é interessante analisar o caminhar das narrativas de Maria Viana. Os textos são simples e as frases, curtas. Provando que não é necessário protelar as palavras para alcançar (e tocar) os leitores. Também é perceptível o cuidado textual da autora. Nenhum termo foi colocado ao acaso e tudo parece fazer sentido dentro das narrativas.

silencios-no-escuro-maria-vianaServiço
Silêncios no Escuro
Maria Viana
144 páginas
Quanto: R$ 30
Ateliê Editorial

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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