Hebe Camargo (Foto: divulgação/editora)

Com bom humor, irreverência e personalidade, Hebe Camargo conquistou os estúdios de televisão e o público brasileiro. A apresentadora, que morreu em 2012, aos 83 anos, teve vida contada em biografia pelo jornalista Artur Xexéo
A trajetória de Hebe Camargo é reflexo da trajetória da própria televisão brasileira. Contratada pela Rádio Difusora, emissora dos Diários Associados, ela encantava o público num tempo em que os aparelhos eram itens raros, quase inacessíveis, presentes apenas na casa de pessoas ricas. Morta em setembro de 2012, aos 83 anos, vítima de câncer, a apresentadora teve a vida contada no livro Hebe – A Biografia, escrito pelo jornalista Artur Xexéo. A publicação da Editora Best Seller chegou às livrarias este mês.

“O livro demorou dois anos para ficar pronto. Acho que o maior desafio foi descobrir ‘novidades’ na vida de uma mulher que sempre foi muito espontânea e sincera. Hebe não era de guardar segredos”, conta Artur em entrevista ao Leituras da Bel por email. Ainda na juventude, Hebe já estava nos palcos. Começou a vida artística para ajudar a família, trabalhando em boates, em rádios e na indústria do disco. Mas foi apenas quando os Diários Associados inauguraram a TV Tupi, primeira emissora do País, que a jovem Hebe alcançou o estrelato. “A família de Hebe era muito humilde. E grande. O avô era músico, o pai era músico… Hebe vivia cantarolando. Quando ficou em primeiro lugar num programa de calouros no rádio, descobriu que poderia ganhar dinheiro cantando. Foi assim que entrou para a carreira artística. Era uma maneira de ajudar financeiramente a família”, diz o autor.

Em 1955, Hebe estrelou um talk show, chamado O mundo é das mulheres, na extinta TV Paulista. O primeiro convidado foi Juvenal Lino de Matos, prefeito de São Paulo à época. O formato seria adotado pela apresentadora ao longo da vida: um sofá e uma boa conversa. Ao fim, Hebe sempre repetia a mesma indagação ao entrevistado: “O mundo é das mulheres?”. E assim, acredita Artur Xexéo, a apresentadora ajudava a garantir lugar e a expressar o protagonismo feminino. “Hebe foi feminista antes de o termo ‘feminismo’ estar na moda. Quando o papel destinado à mulher na televisão era ser garota-propaganda, Hebe já era apresentadora e entrevistadora”, elucida.

Pelos programas de Hebe Camargo passaram políticos, estrelas do esporte, músicos, empresários. A cada semana, uma nova conversa. Com bom humor e personalidade, a apresentadora se firmou como uma das entrevistadoras mais irreverentes e queridas do País. E deixou o ‘selinho’ como marca registrada. “A televisão da Hebe não existe mais. Ao vivo, com auditório, com números musicais e orquestras, entrevistas que duram o tempo que for necessário… Por isso, Hebe não tem herdeiras”, pontua Xexéo.

Enquanto escrevia o projeto, o jornalista foi diagnosticado com a rara Síndrome de Dress, doença autoimune que causa alterações no sangue e nos gânglios. Passou quase dois meses sedado e internado. Os médicos acreditavam que as funções motoras seriam recobradas ao longo de um ano. Seis meses depois, no entanto, Artur já havia retomado o trabalho na biografia. “Nunca pensei que não concluiria o livro. Quando acordei da sedação, minha maior preocupação era cumprir os compromissos que tinha deixado de lado. Mas foi difícil retomar a Hebe. Acho que demorei seis meses para voltar de vez ao projeto. Ao mesmo tempo, trabalhar no livro era algo que me dava muito prazer. No fim das contas, acho que Hebe ajudou a minha cura”, afirma o biógrafo.

Serviço
Hebe – A Biografia
274 páginas, Editora Best Seller
Autor: Artur Xexéo
Quanto: R$ 34,90

Veja imagens enviadas pela Editora Best Seller:

Dercy Gonçalves e Hebe Camargo (Foto: divulgação/editora)

Hebe Camargo e Silvio Santos (Foto: divulgação/editora)

Ana Maria Braga, Hebe Camargo e Xuxa (Foto: divulgação/editora)

A apresentadora Hebe Camargo (à esq.) ao lado da cantora Elis Regina (no centro). (Foto: divulgação/editora)

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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