Nina Rizzi, integrante do Leituras Públicas

A poeta Nina Rizzi vai lançar o livro Quando vieres ver um banzo cor de fogo no sábado, 2 de setembro, às 17 horas. Historiadora, poeta e tradutora, ela tem poemas, textos e traduções publicados em diversas revistas, jornais, suplementos e antologias. Nina também escreve, mensalmente, a coluna Cartas as poetas do nosso tempo no blog Leituras da Bel.

O evento acontece no Lions Bar Cultural (Praça dos Leões, rua General Bezerril, Centro). A entrada para o evento é gratuita e o exemplar estará à venda por R$ 38 (pagamentos apenas em dinheiro). A publicação é da Editora Patuá. Leia poemas integrantes do livro:

quando vieres ver um banzo cor de fogo

talvez a sida ou peste já nos tenha a todos
afectado a pele a não mais luzir o suor dos lombos
os olhos sejam o quê de duas coisas verdes.

também eu estalo e não terei estado em penedo
e faço sacrilégios pra que daqui a lá já não te deva
aqueles quase dois mil euros.

toda carne então é só essa coisa de meter
ternura. e os bocadinhos de lembrança
do lume à cera. vigília e nada.

quando vieres ver um banzo cor de fogo
oxalá não se enrugue esse couro que de tão velho
já não será tambor. oxalá cresçam pitangas, poemas.

 

***

fuga pra santa maría

uma voz me atravessa a Noite, lentamente. como a base escura de um dente 52, escondido pelos lábios quase finos, tantos grossos, que se me revela junto ao sono supitante. esse dente que me marca em visita. ele me visita. os cantos mais secretos e os rios que rebentam sua ausência y diz: banho-o. como me banha a língua da mesma boca-voz. uma voz me rasga. repito: uma voz me atravessa os olhos, a garganta. eu queria dizer que uma voz me atravessa os olhos, a garganta. mas uma voz me atravessa os olhos, a garganta.
ainda que não erga um sítio, é urgente, urgentíssimo reencontrar a voz. enlaçar-me à voz, num tango, num baião de dois, até o silêncio, até à comunhão dos rasgos e o atravessamento. hasta el libro de los abrazos.

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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