Harald Kloser, co-roteirista e produtor do filme, disse que não tinha nenhuma predileção por destruir símbolos católicos. “Queríamos retratar um situação em que as orações não pudessem frear os acontecimentos, porque a natureza é mais forte que a religião”, disse ele.
“No nosso roteiro original, também prevíamos a destruição da Caaba. Mas eu disse para o Roland: ‘Não, eu não quero acabar sendo morto por causa disso'”. Segundo Kloser, o filme mostra apenas orações ao redor do local.
Em “2012”, que será lançado no fim do ano no Brasil e nos EUA, se inspira em profecias maias que prevêem o fim do mundo no ano de 2012. A estátua do Cristo e a Basílica de São Pedro se despedaçam, enquanto São Francisco [EUA] é engolida por uma enorme cratera.
Roland Emmerich é o mesmo diretor de “Independence Day” e “O Dia Depois de Amanhã”. [Informações de Uol Cinema.]
Fanatismo mortal
Um dos casos mais famosos de perseguição por motivos religiosos foi a do escritor britânico [de origem indiana] Salman Rushdie.
Ao publicar o livro “Versos Satânicos”, em 1989, a obra foi considerada ofensiva ao profeta Maomé, pelo então todo-poderoso líder do Irã, o aitolá Khomeini.
O líder religioso lançou uma “fatwa” – sentença de morte – contra o escritor, que poderia ser executada por qualquer seguidor do islã, em qualquer parte do mundo. [Veja nos comentários as pertinentes explicações de Wanderley Neves sobre o significado de “fatwa”, a quem agradeço por fazê-las.]
Isso porque Rushdie escreveu que já acreditava no Islã. Khomeini ordenou a todos os “muçulmanos zelosos” o dever de tentar assassinar o escritor.
Rushdie foi obrigado a viver por vários anos escondido e sob proteção policial. [Com informações da Wikipedia]
Cinema
Outra vítima do fanastismo islâmico foi o diretor de cinema e escritor Theo van Gogh. Ele foi asassinado em Amsterdã, em novembro de 2004. Van Gogh foi morto a facadas e depois ainda lhe deram vários tiros. Seu crime: ter dirigido o filme “Submissão”
O filme é um curta-metragem de dez minutos que relata a violência contra as mulheres muçulmanas. Foi escrito por Ayaan Hirsi Ali, uma refugiada somali, que deixou de ser muçulmana, e é membro do parlamento holandês. Ela também vive sob ameaça de morte. [Informações da Folha Online]
É compreensível o temor que desperta a violência fanática. Mas é preocupante ver o medo levando à autocensura.
Critique-se a Igreja Católica – por vezes ela implica com algum filme – como foi o caso de Harry Potter [já “liberado”] ou “O Código Da Vinci”. Ou mesmo leva a censura, como foi o caso de “Je vous salue, Marie” (Eu vos saúdo, Maria), filme de Jean-Luc Godard, lançado em 1985. Mas, pelo menos, não condena ninguém à morte.
Um aggionarmento talvez fosse indicado ao islamismo, se é que e se pode ousar dar alguma sugestão a eles.
Plínio, os radicais do islã cumprem o papel herético que membros do próprio cristianismo desempenharam por toda história, desde a época dos escritos neo-testamentários.
No cristianismo, os que tentaram subverter a igreja recém fundada se valeram da filosofia grega à negação de pontos essenciais como a ressurreição corporal de Cristo, passando pela negligência social a viúvas e órfãos (veja as cartas paulinas Aos Coríntios, Aos Colossenses, Aos Gálatas e aos Tessalonicenses, e as Cartas de João).
O nó do Islã, é que no Alcorão há várias referências beligerantes que facilmente tomam contorno de vilanias. Apenas para exemplificar, na 2ªSurata (escrita em Madina; trata dos rituais e da jurisprudência), está escrito:
190 Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem; porém, não pratiqueis agressão, porque Deus não estima os agressores.
191 Matai-os onde quer se os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio. Não os combatais nas cercanias da Mesquita Sagrada, a menos que vos ataquem. Mas, se
ali vos combaterem, matai-os. Tal será o castigo dos incrédulos.
192 Porém, se desistirem, sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.
193 E combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Deus. Porém, se desistirem, não haverá mais hostilidades, senão contra os iníquos.
Facciosos com discurso herético, à luz Alcorão, são capazes de seduzir a muitos.
É válido um estudo sobre as circunstâncias que rodeavam Maomé, quando supostamente recebeu as mensagens de Gabriel.
Feliz cada novo dia…
Uma pequena correção, Plínio. Não é “fawa”, mas fatwa. Que não é uma sentença de morte, mas uma interpretação da lei islâmica emitida por um doutor da lei. Onde a sharia é aplicada, juízes podem pedir uma fatwa a um líder religioso para esclarecer um caso onde a jurisdição é confusa. Do mesmo modo que por aqui se entra com uma ADPF ou Adin no STF.
O que Khomeini fez, então, foi emitir uma fatwa em que dizia que Salman Rushdie era um infiel; daí ela poder ser “executada por qualquer seguidor do islã”. Como Khomeini é o líder supremo do Irã, as fatwa emitidas por ele têm um poder vinculante (binding) fortíssimo, a cobertura acaba por distorcer o sentido da fatwa no Islã