Roberto Monteiro, secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará,  está de volta a Fortaleza, onde chegou no sábado.  Afastado do cargo desde o início de julho, ele estava em Curitiba – onde mora sua família -, para para se submeter a uma cirurgia. Hoje, ele retoma a rotina da pasta, com uma reunião com o Conselho Superior das Polícias.

Uma das coisas que o secretário terá de decidir é se mantém José Armando Costa como corregedor-geral dos Órgãos de Segurança Pública do Ceará.

Como Roberto Monteiro, Costa também foi delegado da Polícia Federal.

O secretário não estava em Fortaleza no período em que O POVO publicou reportagens mostrando uma série de irregularidades cometidas por policiais do projeto Ronda do Quarteirão, criado pelo governo Cid Gomes como modelo de uma “nova polícia”.

As faltas graves dos policiais vão desde o uso de viatura para encontros “amorosos”, passando por destruição deliberada do equipamento dos carros, abuso de autoridade e espancamento de civis.

Durante as reportagens revelou-se uma faceta do corregedor-geral, José Armando Costa, que, a princípio, pareceu folclórica. Respondendo a uma das perguntas quando foi entrevistado saiu-se com esta: “Rapaz, disseram que eu fiquei de ‘saia justa’. Rapaz, quem usa saia justa é viado (sic). O que mais posso usar é calça justa. Pode dizer aí, Armando Costa nunca usou saia; nem justa nem apertada”.

Mas, depois, revelou-se um pouco mais tenebrosa. Com a divulgação da entrevista, o jornal começou a receber documentos que ligavam o corregedor a práticas de tortura durante a ditadura miliar.

Um deles, um deles o jornal Campus, dos estudantes da Universidade de Brasília que, em matéria sobre os 30 anos da Lei de Anistia, levantou a ficha de José Armando Costa, que fora secretário da Segurança da capital federal.

Na matéria, mostra-se que Costa é citado no livro “Brasil Nunca Mais” que relaciona aqueles que participaram de torturas entre 1964 e 1979. O corregedor não é acusado de ter supliciado diretamento os presos.  Segundo o relatório, ele os interrogava após as sessões e ameaçava entregar novamente aos torturadores os presos que não falassem. Veja aqui.

O secretário Roberto Monteiro ganhou o respeito das entidades de direitos humanos de Fortaleza pela sua defesa da estrita legalidade na atividade policial, manifestando-se firmemente, sempre, contra qualquer tipo de abuso. Por esse modo de agir, ele ganhou a antipatia da “bancada da bala” da Assembléia Legislativa, pois proibiu delegados de expor presos de maneira vexatória.

Pois agora é ver como vai agir o secretário em relação ao corregedor-geral José Aramando Costa, o homem resposável por vigiar e punir os policiais que cometem abusos.