Vale a leitura a matéria de Ciro Câmara, com fotos de Talita Rocha: “Titãs da resistência”, no O POVO.

Mostra que a construção de um estaleiro no Mucuripe vai acabar com as ondas da praia do Titanzinho.

A praia é pequena, tem pouco mais de um quilômetro de extensão, mas presta um grande serviço aos garotos do bairro, pois lá funcionam três escolinhas de surfe que já deram ao Ceará Tita Tavares, Fávio Silva e Pablo Paulino. Os alunos se viram com pranchas de segunda mão e os que nem isso tem, pegam ondas com pedaços de madeira.

Em tempos em que tanto se fala em “inclusão” das populações mais pobres, a fim das ondas seria um duro golpe para as meninas e meninos que, se não viram, todos, craques no surfe aprendem muito da vida convivendo com o ensinamentos do mar.

A Transpetro, presidida pelo cearense Sérgio Machado, bem que poderia escolher outro lugar para o estaleiro, que terá como objetivo construir navios para a Petrobras. No Complexo Portuário do Pecém, por exemplo, onde ficará a refinaria da empresa.

Fala-se que a o estaleiro levará emprego e renda para os moradores do bairro do Serviluz, ok, mas há outras formas. O professor Mauro Oliveira, do Cefet,  por exemplo, luta há bastante tempo para implantar lá o Titanzinho Digital, a exemplo do trabalho que fez com os meninos do Pirambu Digital, que ganharam o Brasil e o mundo, desenvolvendo soluções em tecnologia da informação.

Moradores e surfistas dizem que vão resistir.

O exemplo dá Rafaela Bahia, cinco vezes campeã cearense de surfe e campeã do circuito feminino de surfe na pororoca: “A gente passou por várias lutas sociais e essa é mais uma”, diz que “o mar é uma forma de inclusão”. E completa:

“Somos soldados do bem, da natureza, da cidadania”.

Vale pouco: mas meu coração está com eles.

Tagged in:

, ,