O jornalista Jorge Antonio Antonio Barros, dono do blog Repórter de Crime, encontrou-se no aeroporto de São Paulo com um dos CQCs, Rafael Cortez (ambos viajariam para o Rio), e aplicou com ele a mesma técnica que os humoristas usam com as suas vítimas.
Ligou uma câmera amadora e começou a fazer perguntas embaraçosas a ele e à equipe que o acompanhava.
O troço terminou com um dos integrantes pondo a mão na lente da câmera do repórter para impedi-lo de filmar – e Rafael Cortez, posteriormente, foi à Justiça para retirar o vídeo do YouTube.
Portanto, um CQCéte, experimentou do próprio veneno e não gostou. CQC – “Custe o que Custar”, como vocês sabem é um programa de origem argentina, no Brasil produzido pela TV Bandeirantes.
Eu sustento um debate para tentar entender se programas tipo CQC podem ser considerados jornalísticos. Eu tendo a achar que não, mas gosto de ouvir argumentos que me contrariam.
Nós gostamos do esculacho aos políticos, como uma espécie de vingança contra eles. Mas o que sobra disso, do ponto de vista do interesse público?
Nós nos divertimos do mesmo modo que se divertem os apreciadores de programas policiais quando os “apresentadores” e “repórteres” “enfrentam” os “bandidos” passando-lhes lição de moral ou humilhando-os.
Quem falou algo certeiro sobre isso foi minha filha de 16 anos. Ela disse que, nesse sentido, o programa “Pânico” é “mais digno”, pois não traveste suas algazarras e brincadeiras de “jornalismo”. O objetivo deles, declarado, é divertir por meio da esculhambação com tudo e com todos. Ponto.
Na lista da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) iniciei um debate sobre o personagem “João Buracão”, que é usado pelo jornal Extra (Rio de Janeiro) para apontar onde existem buracos na rua. O personagem ganhou tanta importância que foi parar no programa Fantástico e nas novelas na Globo (se bem que não é de se admirar, já que a autorreferência da Globo é quase doentia).
Houve quem considerasse isso aceitável em jornalismo (a maioria) e quem defendeu de modo contrário. Vou consultar os pares se posso divulgar trechos da conversa que mantivemos na lista; se não houver oposição, qualquer dia o farei – ou poderei fazê-lo sem divulgar os nomes dos que intervieram no debate. (Isto é, se ainda encontrar os e-mails.)
Mas voltemos ao caso do CQC Rafael Cortez, nas palavras do jornalista Jorge Antonio Barros, segundo ele expõe em seu blog (trechos):
«Depois de 28 anos de jornalismo, completados mês passado, estou enfrentando o pior adversário da imprensa e da cidadania: a censura imposta pelo poder econômico. A empresa Rafinha Productions entrou com um pedido para remoção no YouTube do vídeo exclusivo que fiz, em tom de irreverência, com o apresentador Rafael Cortez, um dos repórteres do CQC. O vídeo foi removido ontem do site do Google devido “à reivindicação de direitos autorais da Rafinha Productions”.
Em primeiro lugar não há qualquer violação de direitos autorais. O vídeo foi idealizado, produzido e feito por mim mesmo, entre o check in no saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e o desembarque de um voo da Webjet, no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, na tarde de terça-feira passada. Depois foi editado em meu computador pessoal e publicado na madrugada seguinte no canal “reporterdecrime” no YouTube.
No vídeo de cinco minutos, que em apenas algumas horas chegou a mais de 1.500 exibições no YouTube, entrevistei Rafael Cortez sobre amenidades até arrancar dele a declaração absurda de que a mídia é a culpada da violência no Rio. O vídeo tem ainda um dos integrantes da produção falando em tom ameaçador contra o Repórter de Crime.
Enfim, com apenas uma simples brincadeira de vídeo caseiro, descobri como é tênue o limite entre a fama e o mau humor. Só não imaginava que comportamento assim partisse de profissionais que têm na sua principal atividade aquilo que parecem detestar na intimidade: lidar com gente.»
Atualizado em 28/3/2013. Nos dois links que havia indicado, os vídeos foram retirados. Um leitor enviou-me novo link, via “Comentários”, este: http://www.videolog.tv/video.php?id=472371
Caro Plínio,
Gostaria de agradecer a lisura com que você abordou o episódio no qual acabei envolvido exclusivamente por ser telespectador assíduo do CQC, acreditar em Papai Noel e também em celebridades que respeitam seu público. Gostaria de testemunhar que, antes de eu me identificar como jornalista, Rafael me tratou com arrogância e eu não tive outra alternativa a não ser reagir com a camera ligada, com a mesma irreverência que marca os entrevistadores daquele tipo de programa. Agora o fim da picada foi ser censurado por profissionais ligados ao humor.
Grande abraço
Jorge
1. a censura partiu da Infraero e nao do cqc;
2. quem segura a camera mal consegue um enquadrdamento decente, simulando um dinamismo que nao existe; desperdiça precioso tempo com uma conversa boba, desinteressante e vazia.
Pensei que ia ver algo surpreendente mas surpreendente é a tolice do video que usa da mentira para pegar manés como eu que assisti até o fim.
Aproveito para perguntar: Plinio, foi voce que disse na CBN O Povo, numa entrevista com Ian Gomes, que a cpmf é o mais democratico dos ‘impostos’?
Eu tô tentando entender qual foi o problema do Rafael Cortez. Parecia que ele estava sendo entrevistado pelos reporteres do Pânico e não do CQC, pois estes não abusam dos entrevistados (os entrevistados é que parecem não ter moral para responder as perguntas que é o caso dos políticos).
Como já apresentado pelo Eduardo, o post foi escrito de forma tendenciosa, nos levando a acreditar que o video é muito pior do que ele realmente é. Infelizmente o método invasivo do reporter que gravou o video não tem graça nenhuma.
eu disse: ‘a censura partiu da Infraero’ retifico:
a gravação foi feita em local proibido: trecho entre o desembarque e o ingresso no saguão do aeroporto (tecnicamente conhecido como patio de manobra de aeronaves. Os fiscais da Infraero ‘cochilaram’ do contrário o ‘foca’ teria sido advertido muito antes da entrada no saguão, a partir do qual, a gravação é permitida!
Quanto à cpmf ela nunca foi usada para o que foi criada, nem acabou no tempo que deveria acabar, jamais pode ser considerada democrática pois atinge as classes D e E numa proporção absurdamente maior do que o faz nas classes mais altas (se seu raciocinio estivesse correto, o imposto sobre a renda nao teria aliquotas crescentes); incide em cascata sobre toda e qualquer operação financeira encarecendo tudo, absolutamente tudo! Quem voce acha que é o maior prejudicado nessa historia? O pobre ou o rico? Voce até pode defender a cpmf mas tem obrigação de passar a informação correta.
Em tempo: o documento que voce nao portava por ‘nao saber’ a obrigatoriedade é o extrato de licenciamento e o extrato do seguro obrigatorio . No verso trazem em negrito: PORTE OBRIGATORIO. CRLV é o certificado de registro de licenciamento de veiculo. Pressuponho que uma das finalidades do rádio é informar, sugiro que voce escute o que voce proprio disse na radio e verifique a contribuição que voce deu a quem te ouviu.
Que coisa feia. Assistindo ao vídeo fica clara a tentativa, intencional ou não, de distorcer e denegrir a imagem do Rafael. Em momento algum do vídeo ele se mostra grosseiro ou agressivo. Muito pelo contrário, respondeu a todas as perguntas e não se pode exigir que as pessoas fiquem sempre sorridentes e confortáveis com todo e qualquer tipo de assédio (isso o CQC não exige e não cobra de nenhum dos entrevistados).
Quanto à questão “violência gerada pela imprensa”, interpretei a resposta da seguinte forma: “pinta-se um quadro de violência para o Rio de Janeiro como se fosse mais do que em outros lugares” tanto que ele fala que a violência não é mais ou menos no Rio do que em São Paulo. Não existe neste comentário a afirmação de que a violência concreta e efetiva seja gerada pela mídia.
E, por fim, como já ressaltaram em um comentário anterior, a proibição para a filmagem partiu da infraero e não do Rafael ou de alguém que o estava acompanhando.
Prezado Plínio, me desculpe, não fui bem clara quando falei na tentativa, intencional ou não, de denegrir ou distorcer a imagem do Rafael, isto não não foi especificamente para o seu comentário neste blog.
Aliás, na maior parte você apenas expõe os fatos e levanta certos questionamentos que nem estão relacionados a chatice, grosseria ou falta de objetivo seja do repórter, seja do entrevistado e daqueles que lhe acompanhavam.
A grande questão que você levanta está na censura ao vídeo, a qual você afirma, categoricamente, que foi de iniciativa do Rafael. Mas isto não está bem claro, pois no blog do próprio Jorge Antonio levanta-se a hipótese de que tenha sido uma demanda do rapaz da produção que estava irritado.
Concordo que é lamentável essa censura e não entendo nem porque alguém, seja quem for, tenha movimentado a máquina do Judiciário para retirar esse vídeo do ar, já que não macula a imagem de ninguém e que, no máximo, mostra um certo azedume de um dos integrantes da equipe e a falta de propósito e de jeito do repórter.
Se o argumento for direitos autorais a história fica pior ainda.
O vídeo já está disponível novamente no youtube. Será que isso não é uma jogada de marketing?
Mas diga, quem impede a gravação não é um segurança da infraero?
E viva o Brasil e a liberdade de imprensa!!!!!!
Plínio, bom dia.
Concordo com a tua filha. Apesar de particularmente não gostar desse tipo de humor pesecutório, ainda acho que o Pânico dá a oportunidade às vítimas de correrem do cerco, uma vez que se travestem de forma histriônica. Esse disfarce de “MIB” do QCQ é de doer. Falsidade ideológica. Alguém tinha que mostrar isso. Achei ótimo o vídeo do Jorge. Sociedade que não se olha no espelho não toma vergonha na cara. Censura, a essa altura… Lamentável.
“…humor peRsecutório…”
Só pra lembra. As matérias, feitas pelo CQC, são em eventos sociais, ou seja, quem vai pra esse tipo de lugar muitas vezes vai pra se aparecer. Eu não me lembro do CQC fazer o que o pânico já fez, varias vezes, invadir a privacidade dos artistas.
Mas tem uma coisa que é verdade nisso tudo. Alguns fãs que se encontraram com o Rafael, dizem que ele é bem arrogante mesmo. Eu to pouco me lixando pra quem ele é fora da televisão, se ele da à bunda, não fala com o pai, brigo com a namorada e se é fã do NXzero(ta bom, ai já é demais). Resumindo, eu gosto do trabalho dele e que se dane a sua vida pessoal.
Outra coisa, eu ODEEEIO(uhmmmmm ME-NI-NA) essa história de humor inteligente, pra min o CQC é mil vezes melhor que o Pânico, mas falar que é humor inteligente e blablabla, pelamordedeusneh.
Uma pergunta, é só eu quem não gosta do Oscar Filho?
[modoanalfabetooff]
Por acaso alguém de vocês assistiu a entrevista ao jornalista Andrew Keen no programa Milênio na Globo News? Quanta verdade falou sobre a propagação de mediocridade na internet ameaçando a cultura.
A quien le duela.
Prezados,
Após assistir ao vídeo, concluo que o entrvistado não foi grosseiro, ao contrário.Por outro lado, o entrevistador não me pareceu inteligente em sua abordagem, que poderia ter sido criativa e ganhar a adesão dos seus alvos.Acabou sendo, de fato, muito chato e inadequado, perdendo a oportunidade de fazer algo legal.
MT – Niterói
Também não entendi por que o entrevistado solicitou a retirada do vídeo do ar.Não tem nada de especial, ao contrário.Mostra o quanto ele teve paciência com alguém que se mostrou inoportuno e sem noção.
MT – Niterói
Excelente esse vídeo parabens! Mostra como esses pseudo jornalistas do CQC se travestem de defensores da liberdade de expressão, quando na verdade só produzem matérias humorísticas de gosto duvidos e muitas vezes TENDENCIOSA claramente manipuladas para distorcer a opinião pública.
Vide o CQC 46 onde em plena convenção do PSDB, o Rafaelzinho Rabugentinho faz a seguinte pergunta para FHC: Lula é mais esperto que vc pq ele usou o real para pagar o seu programa social bolsa família?
Prefiro acreditar que esse RAfaelzinho não sabe nada de economia para fazer uma pergunta minimamente inteligente. Mas o fato é que como ele mostrou nesse episódio de censura no Youtube esse programa não tem o menor comprometimento com a verdade, como eles fazem tentar parecer vestidos de Homens de Preto, Deveriam ser Homens de Roxo de vergonha…
Muito bom seu artigo. O trabalho de Jorge foi exatamente o que o CQC tem a intenção de fazer: ser invasivo.
Eu não assisto ao CQC. Desde o primeiro. Tenho uma birra do jeito histérico do Tas, e não suporto ilustres desconhecidos dando uma de comediantes. Pobres fãs de Seinfeld.
Se há feedback dos fãs (cuja maioria é feminina e quer ter os bebês do Tas e sabe Deus de quem mais), é por causa da mesma mídia que “incita a violência no Rio”. Rafael Cortez é filho dessa mesma mídia, e essa entrevista antipática dele só confirma o que eu já achava daquele bando de amadores que usam ternos pretos.
A propósito, achei ótimo o Mion ganhar o prêmio no VMB ao invés de elegerem o chatonildo sem graça do Gentili.
Sobre o vídeo, só uma palavra: oportunismo.
Eu achei que o Rafael Cortez foi até educado.
[aaaa] Essa é a hora q me dá vontade “matar” um cara desses…
Como pode falar isso do Rafael Cortez e do CQC?!?! O programa CQC é o melhor de humor, sem ofensa aos outros, mas é a pura verdade!!!
O modo que esse “reporter fajuto” que abordou o Rafa Cortez fez, foi ser um ignorante e sem o mínimo de educação, coisa que eu nunca vi nenhum repórter do CQC fazendo, o que eles fazem é diferente…
Isso que ele fez foi invasão de privacidade… Ai que ódio!!!
Jorge, existe uma coisa que se chama educação, coisa que não deve fazer parte do seu cotidiano… Experimente fazer uso, é muito bem e deixa as pessoas mais agradáveis, coisa que não é o seu caso…
estão com inveja do CQC
Todos tem o direito de interpretar as informações, se fazer perguntas que incomodam, não é jornalismo, então temos que repensar o jornalismo, não as sátiras. Pois o jornalismo é repetitivo e abstratos não abordam o problema com profundidade. Por isso que qualquer pergunta com um pingo de profundidade, ofende. O que se pode esperar de uma midia tão dominada pelos interesses….
Primeiro: um diz que foi o Rafael quem censurou. Outro diz, não sei com qual autoridade e com qual poder, que foi a Infraero quem censurou. Já estamos entrando em terreno movediço. Eu censurei, tu censuraste, mas … como é que fica a questão? Quem pode censurar e porquê o fez? Tanto um como o outro têm legitimidade para ir censurando e quem não gostar, a porta de saída é serventia da casa?
Segundo: o CQC fez muitas vezes, na época em que assistia o programa, incursões nada ortodoxas, em geral com políticos, no Senado e em outros lugares, pessoas. Eu relação às tais “celebridades”, poderia ser chamado de ‘brincadeiras’ com os artistas. Aonde quero chegar: concordo em gênero, número e grau com o esse post do Plínio. Acabei de me lembrar de uma piada que vou reproduzir de forma não esculachada: ‘Pimenta no … dos outros é refresco.
Isso foi SENSACIONAL!! Já publiquei no twitter e no blog do Eduardo Guimarães. Temos que espalhar esse fato para desmascarar esses fascistinhas.
Está aqui: http://www.videolog.tv/video.php?id=472371