o jornalista Luís Nassif e o IG – portal em que ele mantém seu blog – foram condenados pela 27ª Vara Cível de São Paulo a pagar indenização de 100 salários mínimos por danos morais ao redator-chefe da revista Veja, Mário Sabino. Cabe apelação.

Para o juiz Vitor Frederico Kümpel houve críticas pessoais de Nassif ao redator-chefe do semanário, em postagens que o jornalista fez em seu blog.

O que motivou o processo foi uma série de artigos em que Nassif criticava a atuação profissional de Mário Sabino.

Para Nassif, o redator-chefe da Veja era inexperiente em temas de relevância, como política e economia, por provir da “área cultural” e praticava “cacos” de “maneira ostensiva e grosseira”. A palavra “cacos”, segundo disse o próprio jornalista no blog, se refere a “modificações introduzidas no texto da reportagem original”.

O juiz considerou que as críticas foram feitas de forma pessoal, não se restringindo ao direito de informar.  [Com informações do Portal Imprensa]

Em seu blog, Luis Nassif escreveu o seguinte:

«[…] Ao longo dessa longa noite dos celerados, a Abril lançou contra mim os ataques mais sórdidos que uma empresa de mídia organizada já endereçou contra qualquer pessoa. Escalou dois parajornalistas para ataques sistemáticos, que superaram qualquer nível de razoabilidade. Atacaram a mim, à minha família, ataques à minha vida profissional, à minha vida pessoal, em um nível só comparável ao das mais obscenas comunidades do Orkut.
Não me intimidaram.
Apelaram então para a indústria das ações judiciais – a mesma que a mídia vive criticando como ameaça à liberdade de imprensa. Cinco ações – quatro em nome de jornalistas da Veja, uma em nome da Abril – todas bancadas pela Abril e tocadas pelos mesmos advogados, sob silêncio total da mídia.
Podem vencer na Justiça graças ao poder financeiro que lhes permite abrir várias ações simultaneamente. Quatro ações que percam não os afetará. Uma que eu perca me afetará financeiramente, além dos custos de defesa contra as outras quatro.
Mas no campo jornalístico perderam para um Blog e para a extraordinária solidariedade que recebi de blogueiros que sequer conhecia, de vocês, de tantos amigos jornalistas que me procuraram pessoalmente, sabendo que qualquer demonstração pública de solidariedade colocaria em risco seus empregos. […]» [Grifei]

Sobre pesos e medidas

Concorde-se ou discorde-se de Luis Nassif uma coisa é certa. Existem pesos e medidas  diferentes, dependendo de quem é atingido pela censura ou pelo Judiciário ou pelos dois juntos.

Se for um jornalão do Sul/Sudeste, forma-se uma corrente de solidariedade; se for um jornal das “regiões distantes”, digamos do Norte ou Nordeste, o caso cai logo no esquecimento.

Se o jornalista for um dos “colunistas de grife”, o sujeito vai parar no panteão dos heróis, vira um “mártir” da “liberdade de imprensa”. Se for um jornalista que resolveu abandonar a imprensa comercial, para tocar, digamos, um jornal pessoal, esse merece o limbo. Se for um jornalista que critica a grande imprensa, ele está perdido. 

E o fato é o seguinte: censura é censura, atinja a quem atinja. Não há mérito em defender somente aqueles com os quais concordamos. O desafio é  defender aqueles dos quais discordamos, quando a causa – e não necessariamente a pessoa – é justa.

Denúncia à censura, tem de ser feita da esquerda à direita – em Cuba ou nos Estados Unidos; na Venezuela ou em Honduras – e este modesto blog tem procurado manter essa atitude, como pode ser visto em várias postagens.

A condenação judicial que sofreu o jornalisa Lúcio Flávio Pinto, de Belém [PA], não teve um centésimo do destaque dada à censura ao jornal O Estado de S. Paulo. Não é que seja justo negar solidariedade ao Estadão. Injusto é negá-la aos demais atingidos.

Veja também:

Solidariedade a Lúcio Flávio

ANJ & Jornal Pessoal: a condenação seletiva da censura