Estive ontem no aterrinho da Praia de Iracema para ver a Nação Zumbi: Jorge du Peixe* e seus companheiros continuam chacoalhando a moçada. Bom, eu não sou muito de acompanhar música; não chego a ser como João Cabral de Melo Neto que equivalia música a barulho. Mas, naquela coisa de de ilha deserta e tal, se eu fosse obrigado a escolher entre levar discos ou livros eu preferiria levar estes.

Ouvi distraidamente os primeiros CDs deles, gostando do caldeirão de raízes nordestinas com outras influências, como o rock, por exemplo. Minha filha que me levou aos show [sim, eu já estou nessa fase de precisar de um empurrão para ir a tais lugares] disse que a levada deles está mais para o rock, agora; se ela disse, deve ser. Não sei se é pelo efeito do costume, mas gostei mais das músicas antigas.

O lugar estava lotado, mas tudo correu tranquilamente sem nenhuma briga, nem aos menos empurrões ou bate-boca e, ainda, se alguém pisava no seu pé, sem querer, apressava-se a pedir desculpas. Um negócio muito bom de ver.

DCE

Os estudantes do DCE da UFC levaram uma faixa “Acesso de todos a [sic] universidade” e “Contra o novo Enem”. Eles foram muito educados: levantavam a faixa alguns segundos e logo a abaixavam, para não atrapalhar a visão de quem estava atrás. Apesar dos bons modos, eles se  esqueceram sinal indicativo de crase, o que é grave para meninos que devem ter feito o ensino médios em bons colégios particulares e agora são contra o Enem – sabe-se lá por qual motivo. Obviamente, quem vai ver a Nação Zumbi em plena terça-feira de Carnaval, está muito pouco preocupado com uma crase [creio também que não está interessado, naquele momento, em política estudantil], mas fica o registro de um sujeito implicante.

Luizianne Lins

A prefeita Luizianne Lins falou ao fim do evento. Antes dela entrar, o rapper Preto Zezé veio dar uma amaciada no público: disse não ser “qualquer administração” que teria a coragem de trazer o “undreground” para o palco principal, etc., e chama a prefeita.

Luizianne entra de calça branca, camisa vermelha e peruca de cabelos pretos. Um grupo pequeno vaia; outro menor aplaude: a grande maioria fica indiferente. A prefeita atribui à gestão dela o fato de agora Fortaleza ter Carnaval, que até pouco tempo não havia, etc. Os vaiadores continuam; ela: “Gente, o show já acabou quem quiser ir embora pode ir”. As vaias aumentam, sempre um grupo pequeno.

Eu acho o seguinte: vaia, apesar de constrangedor, faz parte da democracia e da livre manifestação. O que é impróprio fazer, como muitos faziam, é acompanhar a vaia com o gesto ofensivo de “dar o dedo” [o dedo médio esticado e os demais encolhidos]. Quem faz esse tipo de coisa só pode ser gente desclassificada.

A mais, Luizianne Lins não merece tratamento assim. Quem diz isso é um cara que vem fazendo severas críticas à administração municipal, basta procurar neste blog.

Guarda Municipal

Ao sair, no calçadão, uma surpresa: pensei que o Pelotão da Choque da PM havia sido chamado para ajudar na segurança. Mas eram homens da Guarda Municipal, em uniformes de camuflagem, parecidos com aqueles usados militares do Exército.

É um troço muito estranho: se a Guarda Mucipal tem atribuições definidas na lei; se é uma guarda comunitária, por que seus integrantes se vestem com fardas de combate na selva? É assustador e ridículo.

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*Erramos [vergonhoso]: Às 12h37min de 17/2. Antes eu tinha anotado o nome de Fred Zero Quatro. A correção foi do Renato e da Amanda [comentários abaixo]. O Fred é de outra banda de manguebeat, a Mundo Livre S/A, como eles me alertaram. Pois é, os estudantes não entendem de sinal de crase, em compensação eu sou um verdadeiro Zero em matéria de música. : ) Agradeço a eles.