"Sismo & Sisma", de Hélio Rôla

"Sismo & Sisma", de Hélio Rôla

O arquiteto e urbanista Fausto Nilo publicou artigo na edição de hoje [4/3/2010] do O POVO, em que confronta os argumentos daqueles que defendem a instalação de um estaleiro na Praia do Titanzinho, área urbana de Fortaleza.

Abaixo, trecho do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui.

«[…] No âmbito dessa competitividade, as tendências apontam de maneira regular e crescente para os negócios do turismo e sua cadeia relacionada. Por tudo isso, os recursos considerados como sendo aqueles de maior valor estratégico no jogo das competitividades, no caso de cidades costeiras, são suas orlas. São lugares indispensáveis para atrair visitantes em convívio com residentes e, por essa razão, seus usos amigáveis e lucrativos incluem prioritariamente habitações, hotelaria, parques, congressos e convenções etc. Nos dias atuais, uso industrial nas orlas urbanas seria a última hipótese a ser examinada.

Há convergências mundiais sobre a necessidade de libertar as orlas da função de “quintal” urbano. Isso porque elas favorecem com vantagens os negócios do novo século, principalmente se comparados os volumes de benefícios originados desses negócios com aqueles decorrentes da sucata mecânica do século que passou. O debate sobre a implantação de um estaleiro na praia do Titanzinho mostra que é chegado o momento em que Fortaleza precisa aderir ao padrão universal das boas práticas aplicando as técnicas urbanísticas de controle da alteração de valores com escala estratégica e visão sustentável. Segundo essa visão, um projeto de intervenção no ambiente urbano só deve ser realizado se houver cruzamento balanceado e demonstrável, na obtenção de benefícios econômicos, ambientais e sócio-culturais, a uma só vez.

Os estaleiros, juntamente com os portos e suas atividades relacionadas são componentes importantes dos negócios industriais em situação obrigatoriamente costeira. Entretanto, quando situados em zonas de orlas urbanas, não produzem os efeitos cruzados do padrão sustentável. Isso acontece porque predominam entre seus resultados aqueles de caráter econômico. Na literatura urbanística sobre requisitos e efeitos de usos industriais, estaleiros estão classificados como Usos Localmente Indesejáveis. Portanto, se um projeto de estaleiro não pretende comprometer o futuro estratégico do ambiente de uma cidade costeira, a orientação relativa à sua localização será preferencialmente regional e em orla rural.»