No ciclo de palestras do curso de Jornalismo Novos Talentos O POVO esteve falando hoje com os estudantes o presidente da CUT-CE, Jerônimo do Nascimento. Ele iniciou a palestra falando de sua origem humilde, no interior do Ceará, e do orgulho que sente em ser dirigente no Ceará da Central Única dos Trabalhadores, “a maior central sindical da América Latina”.

Questionado pelos estudantes se a CUT não perdia autonomia com o apoio que dá ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva [PT], Jerônimo disse que este foi o período em que “mais aconteceram greves no serviço público federal”, o que, para ele, demonstra que a Central não se submete ao comando do governo ou do PT.

Ele disse que a forma de agir no movimento sindical mudou, pois reconhece no governo Lula um aliado, e os trabalhadores não podem “desperdiçar esse momento”, que se traduz em muitas conquistas para os trabalhadores e para os segmentos mais pobres da população brasileria, segundo disse. Para ele “trata-se de reconhecer o muito que foi feito” compreendendo que “ainda falta muito por fazer”. Citou o aumento do salário mínimo, os programas sociais como Bolsa Família, Prouni, entre outros.

Ressalvando que hoje existe “muito apoio” para os trabalhadores rurais assentados, ele vê a falta de uma reforma agrária mais abrangente como um ponto negativo do governo Lula. “A reforma agrária é uma dívida que ainda não foi paga”.

Sobre a redução da jornada de trabalho de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais – reivindicação de todas as centrais sindicais brasileiras -, foi perguntado se isso não provocaria problemas para as empresas, principalmente para os pequenos empresários.

Jerônimo afirmou que a redução criaria cerca de dois milhões de empregos no país e lembrou que, quando a Constituição reduziu a jornada de 48 horas para 44 horas semanais, os empresários também disseram que não suportariam os custos, o que não se confirmou, disse.

O presidente da CUT disse que hoje os trabalhadores estão mais propensos à negociação e se mostrou disposto até a debater a reforma trabalhista. Diz, no entanto, que teria de ser discutida em conjunto com as reformas fiscal e política. Mas, disse que não aceita iniciar o debate pela reforma trabalhista, pois os empresários a veem apenas como um modo de “cortar direitos” dos trabalhadores.