Ilustração de Hélio Rôla, exclusiva para os leitores do blog

Meu artigo semanal, publicado na edição desta quinta-feira, no O POVO:

Legal, mas inconveniente
Plínio Bortolotti

A legislação eleitoral já melhorou ao proibir candidatos de sujarem a cidade, colando cartazes e outdoors a torto e a direito.

Pouco tempo atrás, muita gente ainda deve se lembrar, as cidades ficavam emporcalhadas no período eleitoral, pois postes eram usados para colar cartazes, muros eram pichados e faixas eram penduradas em qualquer lugar. Na pior fase, em São Paulo, o ator Wagner Sugamele chegou a criar um troféu, o “Porcolino” para “premiar” o político que mais sujasse a cidade nas eleições.

Mas, a meu ver, a legislação ainda é leniente: o negócio deveria ser mais rigoroso. Sem falar nos candidatos “espertos” que buscam as famosas “brechas” na lei para se darem bem.

Um desses horrores são os “carros de som” com suas ridículas musiquinhas de exaltação dos candidatos. Os caras não respeitam domingos nem feriados; desconhecem que tem gente que trabalha e quer usufruir o direito de ler ver televisão ou de descansar em sua própria casa.

E, pior, infernizam a vida de estudantes, nessa época, preocupados com as provas do Enem. Os “carros de som” gostam de circular próximo aos shoppings, onde hoje se localizam boa parte dos cursos preparatórios para as provas de admissão das universidades. Fiz um post no blog e no Twitter sobre o assunto e recebi várias mensagens de estudantes da UFC (campus Benfica) com a mesma queixa.

Existem também os que driblam a legislação fixando “pirulitos” de propaganda nas praças ou que aparecem em outdoors para divulgar um suposto livro ou um suposto programa de TV, quando na verdade estão buscando confortáveis cadeiras no parlamento.

Esta semana fui premiado com a inauguração do comitê de um candidato no meu bairro. O som troou com manjados discursos até pelas 22h. No fim um rastro de sujeira até o meio da rua.

Senhores candidatos, os tempos mudaram: respeito gera respeito e, talvez, votos. Pensem nisso.