Meu artigo semanal publicado na edição de hoje (2/12/2010) no O POVO.
O pênalti, a Secretaria da Segurança e o pé-de-boi
Plínio Bortolotti
No artigo Basta de delegado e general (edição de 20/11), o jornalista Demitri Túlio fez uma “provocação” (como ele mesmo chamou) ao governador Cid Gomes (PSB). Propôs que, nesta segunda gestão, ele nomeasse seu irmão Ivo Gomes, como secretário da Segurança. Demitri lembrou a fieira de generais e delegados que passaram pela pasta, incluindo os de estilo “prendo e arrebento” – sendo que nenhum mostrou eficácia no trabalho de reduzir a criminalidade e nem enfrentou os graves problemas de corrupção, entre outros crimes, que se abatem sobre uma parte das polícias.
Claro que Demitri não estava fazendo lobby para “indicar” secretário, papel que não cabe a jornalistas – como ele sabe –, mas chamando atenção para o grave problema da segurança pública.
Isso sem contar que o programa Ronda do Quarteirão, surgido como algo auspicioso, vê cair cada vez mais o seu conceito. Ao ponto de, com pouco mais de dois anos existência, o próprio governador já ver a necessidade de reformulá-lo.
Aproveitando o mote, em uma dos comentários ao programa Revista O POVO/CBN, disse – em tom de brincadeira – que o próprio Cid deveria autonomear-se secretário da Segurança, pela gravidade do problema. Não se diz que o pênalti, em uma partida de futebol, é tão importante que o presidente do clube é que deveria batê-lo? Pois a segurança pública no Ceará está nesse estágio.
O que eu não sabia – e fui alertado pelo jornalista Érico Firmo – é que havia precedente. O senador Demóstenes Torres (DEM), candidato a governador de Goiás em 2006, disse que iria acumular o cargo com a Secretaria da Segurança. Como ele perdeu, ficou perdida também a possível análise da experiência.
Mas, temerária, é a ameaça do governador em nomear um “pé-de-boi” para a Secretaria de Segurança, como ele já anunciou. “Pé-de-boi”, segundo o Houaiss, é “pessoa apegada aos antigos costumes, avessa a inovações; trabalhador esforçado e assíduo ao serviço”. E só.
No seu artigo sobre Segurança Pública você fala em Delegado General, mas esquece que no 1º governo Tasso teve um Delegado, o Renato Torrano, que tentou modernizar a Segurança sem as condições materiais que tem hoje, planejou e foi alcerne das questões de modernização da polícia àquela época em 1987 e não esqueça também que em decorrência disso ficou somente 06 meses como Secretário de Segurança Pública e até hoje a população ainda recorda a sua famosa expressão: “Mão de ferro para bandidos e policiais corruptos e luva de pelica para a população.
Creio mesmo que vem por aí outro “prende e arrebento”. Depois de quatro anos “legalistas”, hora de chumbo grosso? Vamos esperar…
Meu caro Plínio,
A propósito do artigo do Demitri Túlio tive a oportunidade de me manifestar elogiando a abordagem do tema ao tempo em que lembrei que a segurança pública cearense já foi comandada por outras pessoas que não delegados ou generais. Foi o caso, por exemplo do prof. Miramar da Ponte (UFC) e mais recentemente, no governo Gonzaga Mota, pelo Dr. Claudino Sales. Com referência a sua sugestão, em tom de brincadeira, evidentemente que, por mais grave que seja a gestão da área segurança pública, não comportaria a cumulatividade dos cargos. O caso do Sen. Demóstenes Torres, lembrado pelo Érico Firmo, decorria do fato dele já ter sido Secretário de segurança pública de Goiás por dois períodos.