Jornalistas e especialistas de 22 países assinaram declaração criticando infográficos publicados por diversos veículos de comunicação na cobertura da morte de Osama bin Laden – e pediram mais cuidado na elaboração de tais recursos gráficos, informou o Nieman Watchdog.

A declaração, escrita por Juan Antonio Giner (presidente do Grupo Internacional de Consultores de Inovação em Mídia) e Alberto Cairo (diretor de Infografia e Multimídia da revista brasileira Época), foi assinada, até agora, por 58 jornalistas de publicações tão diversas quanto o El Mundo (Espanha), a Time (Estados Unidos), o Boston Globe (Estados Unidos), a National Geographic (Estados Unidos), o Globe and Mail (Canadá), o Reforma (México), o Al Shabiba (Omã), o Clarín (Argentina), a Cadena Capriles (Venezuela), o Guardian e o Observer (Reino Unido), o Washington Post (Estados Unidos) e o Estado de S. Paulo (Brasil).

“Alguns editores, diante de uma história sensacional e de poucos detalhes, atuaram como se trabalhassem no showbizz, não com notícias”, diz a declaração, acrescentando que “os gráficos eram frequentemente chamativos, exagerados e muito inventivos — bons para o espetáculo. Se reproduziram o que de fato ocorreu, foi somente por acidente”, já que a Casa Branca demorou a revelar detalhes da operação e a história foi mudando, resultando em informações contraditórias.

“Várias publicações apresentaram como fato o que era só ficção”, continua o documento, como, por exemplo, o New York Post, o UOL Notícias, e infográficos publicados no Reino Unido.

O documento traz seis regras para evitar um “circo infográfico” e garantir que os editores não se antecipem à confirmação dos fatos.

São elas:

1. Um infográfico é, por definição, uma apresentação visual de fatos e dados. Não se pode elaborar um gráfico sem informações confiáveis.
2. Nenhum infográfico deveria incluir elementos não baseados em fatos.
3. Nenhum infográfico deveria ser apresentado como factual quando é baseado em suposições não confirmadas.
4. Nenhum infográfico deveria ser publicado sem a citação de suas fontes.
5. Os profissionais de infografia deveriam se negar a produzir trabalhos baseados em suposições feitas para tornar os gráficos mais espetaculares.
6. A infografia não é ilustração em arte. É jornalismo gráfico e deve seguir as mesmas normas éticas das demais áreas da profissão.

[Matéria original da agência AP, assinado pelo jornalista Summer Harlow e publicado em vários veículos de comunicação. Utilizei o texto publicado pelo Blog Jornalismo nas Américas, no qual podem ser encontrados links para temas correspondentes. Resumi e adaptei o texto original.]

Sugiro a leitura de artigo que escrevi recentemente sobre o assunto.