A partir deste domingo (12/1/2014) passo a escrever a coluna “Menu Político”, no caderno “People” do O POVO. Este é o primeiro texto.

Um contrato com os leitores

A reforma gráfica e editorial que vocês veem na edição de hoje, levou também à distribuição de novas tarefas aos jornalistas. A mim coube suceder uma linha de bons profissionais que já ocuparam este espaço, tenho, portanto, de me esforçar de modo a mantê-lo relevante.

Para iniciar a conversa – pretendo ir além da política nesta coluna domingueira – é preciso reconhecer que o jornalista atualmente não é mais o “emissor”, que falava em via de mão única para um “receptor” passivo. Hoje, o receptor (leitor) também é emissor, pois qualquer pessoa com um computador ou a partir de um dispositivo móvel está apta a transmitir informações e questionar, a quente, as notícias e opiniões que lhes são oferecidas. Portanto, o jornalismo, que era monólogo, transforma-se em diálogo.

Assim, o jornalista deixa de ser o “dono” das notícias, o que ocorria em um ambiente de escassez de informações, em que somente ele tinha o poder de capturá-las e pô-las em circulação através dos meios de comunicação de massa. Hoje, o jornalista precisa evoluir para ser uma espécie de curador, que tem de escolher os temas relevantes entre os milhões de informações de transitam na rede, para propô-las ao escrutínio dos leitores. E, além disso, precisa estar preparado para ser questionado, corrigido, confrontado. Isso torna o jornalismo mais interessante, sem dúvida nenhuma, e o profissional que tiver dificuldade de se adaptar a esses novos tempos será atropelado pelos fatos.

O POVO, dentro das condições técnicas oferecidas por cada época, sempre conservou essa proximidade com o leitor, desde a sua fundação, em 1928. Por isso o jornal mantém uma seção de cartas (dedicando-lhe bastante espaço), instituiu a figura do ombudsman (ouvidor), elege um Conselho de Leitores (que se reúne regularmente com a redação do jornal), e criou a equipe de Correspondentes Escolares, formada por estudantes do ensino fundamental, de instituições públicas e privadas. A internet, com suas redes sociais e outras facilidade da mídia digital, serviram para ampliar essa vocação do O POVO pela interatividade.

É com esse espírito de abertura que inicio os trabalhos nesta coluna, esperando contar com a intervenção dos leitores.

(NOTAS)

Tiroteio

O diretório do PT em Fortaleza entrou com ação judicial contra o aumento do IPTU. Em São Paulo, quem sofre a demanda é o prefeito petista, Fernando Haddad, que acusa o autor da medida, Paulo Skaf (candidato a governador pelo PMDB), de defender os ricos e prejudicar os pobres. Por aqui, o prefeito Roberto Cláudio (Pros) faz a mesma acusação contra os petistas. Durma-se com um barulho desses.

Profecia

Neste ano, autoridades manifestarão novamente surpresa com a estiagem, e os carros-pipa com água contaminada continuarão a abastecer as casas dos sertanejos castigados pela seca.

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