Reprodução de artigo publicado na edição de 7/8/2014 do O POVO.

Arte: Hélio Rôla

Arte: Hélio Rôla

Dois Estados
Plínio Bortolotti

Inexiste solução para o conflito que opõe hebreus e árabes-palestinos fora de um acordo em que seja atendido o direito de Israel de viver em segurança e do reconhecimento de um Estado palestino. Porém, essa obviedade é desconsiderada pelo direitista governo israelense e pelo Hamas, pois um é o espelho do outro: necessitam-se mutuamente para continuar a política de ódio.

Porém, independentemente do que aconteça neste confronto, o grande derrotado será Israel, por ter perdido a superioridade moral no conflito, ao ponto de o governo americano, seu seu maior aliado, declarar-se “chocado pelo vergonhoso bombardeio” em uma escola da ONU. Manifestações públicas em vários países condenam a ofensiva israelense, que deixa atrás de si um rastro de mortes de civis, entre eles centenas de crianças – com as quais o Hamas também não se importa.

Muitos acreditam que o confronto atual deu-se pelo assassinato de três jovens israelenses seguido do homicídio de um adolescente palestino. Foi apenas mais um pretexto para a sequência de guerras entre os dois povos desde que a ONU fez a partilha da região (1947) para a formação de dois Estados: um judeu e outro palestino, o que não foi aceito pelas países árabes. O que aconteceu em seguida é difícil expor neste espaço. E se a pergunta for feita para um palestino e para um israelense, as explicações serão diferentes, senão opostas. Por isso, sugiro ao leitor, se posso, pesquisar um pouco para formar sua própria opinião,

Já faz tempo li, em algum lugar, análise do escritor israelense Amós Oz em que ele dizia saber como terminaria a guerra entre judeus e palestinos: na formação de dois Estados na região, onde os dois povos estão condenados a viver. Não se exigiria amor entre os vizinhos, dizia ele, somente a paz. Porém, acrescentava uma das vozes mais lúcidas a interpretar o conflito: “Não sei quantas mortes e quanto sangue serão necessários antes que isso aconteça” (cito de memória).

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