Reprodução do artigo publicado na edição de 5/3/2015 do O POVO.

Hélio Rôla

arte: HÉLIO RÔLA

Quem negaria apoio à CPI do HSBC?
Plínio Bortolotti

O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AC) trabalha para instalar uma CPI para investigar brasileiros que mantinham contas secretas no HSBC, inscritas na papelada do “Swissleaks”, considerado o maior vazamento de dados da história bancária. O Brasil está bem posicionado na ranking, sendo o quinto país com o maior número de contas na filial suíça do banco: mais de oito mil clientes movimentaram US$ 7 bilhões; sete bilhões de dólares.

Ressalve-se, nem todo o dinheiro depositado por brasileiros pode ser considerado ilegal, porém parte desses recursos pode ser oriundo de crimes, e outra quantia possivelmente retirada do país para sonegar impostos. Mesmo assim, o governo não parece demonstrar muito interesse em recuperar o que lhe foi supostamente roubado. (Pelo jeito prefere conseguir dinheiro deixando de corrigir a tabela do imposto de renda.)

Do mesmo modo que todo mundo está querendo ver a lista de Janot (que vai revelar o nome de políticos implicados na Lava Jato), também há muita curiosidade em conhecer quem são os privilegiados brasileiros que recorreram a contas secretas sabe-se lá por quê.

Quem tem nas mãos os documentos é o jornalista Fernando Rodrigues (Uol), integrante do Consórcio Internacional de jornalistas (ICIJ, pela sigla em inglês), que trouxe o assunto à luz. Rodrigues disse que serão divulgados informações de interesse público ou de clientes que tenham cometido crime.

Como o jornalista afirma que somente o governo teria condições de fazer uma análise completa separando, digamos assim, o joio do trigo, é mais do que acertada a iniciativa do senador Randolfe, que propõe uma CPI para investigar o caso. (Sem prejuízo de se criticar a inércia dos órgão de fiscalizatórios do Brasil.)

Uma CPI destas parece fácil de conseguir, pois nenhum parlamentar negaria apoio a ela. Ou negaria?

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