Reprodução do artigo publicado na edição de 30/4/2015, do O POVO.

Hélio Rôla.1Dos mais ricos para os mais pobres
Plínio Bortolotti

Já escrevi vários artigos defendendo a ideia de que no Brasil não se paga muito imposto; paga-se de maneira injusta: ataca-se o consumo, dispensa-se a taxação de grandes fortunas e aplicam-se percentuais ridículos sobre heranças. Por vezes, alguns leitores retrucam dizendo que sou leigo no assunto. De fato.

Porém, quando sei pouco sobre determinado tema, procuro me instruir com quem sabe, como o tributarista Hugo de Brito Machado, por exemplo. Em artigo recente neste jornal, ele deu uma aula defendendo o imposto sobre grandes fortunas e explicando como essa arrecadação pode ser significativa.

No mesmo sentido, é exemplar a cartilha “10 ideias para uma tributação mais justa”, editada pelo Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco), mostrando como a cobrança de impostos é discricionária no Brasil, e como poderia tornar-se mais equânime.

Além de advogado e sindicalistas – que alguns podem opor resistência -, chamo em meu socorro o megainvestidor, super-rico e filantropo, George Soros. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele sugere que o Brasil “poderia aumentar o imposto sobre heranças”, isentando o montante eventualmente doado à filantropia. E acrescenta uma lição que deveria fazer a turma do “impostômetro” envergonhar-se: “Taxas e impostos devem servir para redistribuir renda dos mais ricos para os mais pobres”.

Soros, 84 anos, esteve no Brasil para inaugurar um escritório de sua fundação, a Open Society, que vem se dedicando a questões polêmicas, como a legalização das drogas.

Porém, para a iletrada (exceções ressalvadas) elite brasileira, adepta dos livros de auto-ajuda, Soros estará falando grego, pois justifica a sua conduta, nos negócios e na filantropia, citando o filósofo Karl Popper, e não os “clássicos” da neurolinguística.

PS. Artigo de Hugo Machado de Brito; Cartilha do Sindifisco; entrevista de George Soros.

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