Reprodução do artigo publicado na edição de 13/8/2015 do O POVO.

O "diabo da política", de Hélio Rôla

O “diabo da política”, de Hélio Rôla

A serpente nasce do ovo
Plínio Bortolotti

O ataque a bomba – não importa se “caseira” ou sofisticada – ao Instituto Lula deveria ter ser sido repelida com vigor por todos os verdadeiros cuidadores da democracia, independentemente de filiação partidária.

Entanto, os miasmas que infestam o país fizeram com que partidos “de oposição” e alguns colunistas de “grife” dos “grandes” jornais e revistas tratassem o caso com menosprezo, como se o artefato explosivo fosse uma bolinha de papel.

No início do mês, pelos menos seis imigrantes haitianos foram baleados no centro de São Paulo. As vítimas foram atingidas, nas pernas e na virilha, por tiros de chumbinho, disparados de um carro. Segundo anotou o jornal Folha de S. Paulo (9/8/2015), uma testemunha afirmou que um dos agressores gritou “haitianos”, antes dos disparos.

Será que alguém vai argumentar que, como a “bomba caseira”, a espingarda de pressão seria uma “arma de brinquedo”?

Os atos podem ser “isolados”, como querem alguns, porém, é preciso recordar: a mistura de xenofobia, intolerância e apelo à violência física, são substâncias que formam o ninho da serpente, por isso, têm de ser extirpadas. Mas por que a direita democrática brasileira – diferentemente de sua congênere europeia,  que confronta a extrema-direita – ajuda a coonestar ações, argumentos e tipos fascistoides, como os bolsonaros da vida?

Talvez porque o tremendo sofrimento a que foi submetida a Europa tenha deixado uma valiosa lição. O medo que os burgueses alemães tinham dos comunistas os levou a se aliarem a um sujeito de bigodinho, ex-cabo do exército. Os comunistas, por sua vez, viam os sociais-democratas como seus piores inimigos. O ódio envenenava o ar. E o tipinho exaltado e antissemita chegou ao poder: era Hitler.

Para quem acha o comparativo exagerado, um alerta: com o fascismo não se brinca.

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