Reprodução do artigo publicado na edição de 10/3/2016 do O POVO.

Hélio Rôla

A jararaca e a anaconda
Plínio Bortolotti

“É preciso abrir o jogo: não se trata só de Dilma ou do PT, mas da exaustão do atual arranjo político brasileiro. E mais: o que idealizamos na Constituição de 1988, cujo valor é indiscutível, era construir uma democracia plena e um país decente, com acesso generalizado à educação pública, saúde gratuita e previdência, bem como assistência social para os que dela necessitam.”

Li esse trecho no comentário que faço na Revista O POVO, programa da rádio O POVO/CBN, perguntando se havia sido escrito por alguém do PT ou do PSDB. Rapidamente, um ouvinte respondeu afirmando que era do PT. No entanto, a autoria é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos líderes mais importantes do PSDB.

A resposta foi célere, pois na cizânia instalada, qualquer argumento sugerindo que a corrupção não foi inventada pelo PT, apesar de o partido ter-se lambuzado nela, sugere defesa dos petistas – inaceitável pelo “outro lado”.

Vejam: jornal O Globo (8/3/2016) noticia que os empresários Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro (OAS) estudam fazer “delação premiada”, o que seria “explosivo”, pois vincularia a reforma do “triplex”, supostamente de Lula, e repasses de dinheiro ao seu instituto.

Sério mesmo? Caso os dois maiores construtores do país falem tudo o que sabem, somente Lula seria implicado? Os caras fornecem dinheiro para todas as campanhas e serão “explosivos” somente para Lula? Tenham dó.

Do mesmo modo, quem se atreve a criticar aspectos da Lava Jato sofre a mesma perseguição. Mas até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começam a combater seus excessos.

A Lava Jato é de importância ímpar, mas porá tudo a perder, caso – incentivada por certa imprensa – mantenha a senda da politização, obcecada por Lula e pelo PT. (Registre-se: isso não isenta Lula de dar as explicações que lhe pede a Justiça.)

Pois, além de atacar a jararaca, a Lava Jato precisa liquidar com o garrote da anaconda, o mecanismo que asfixia o País, permitindo que a corrupção role solta, enchendo as burras de qualquer partido que chegue ao poder ou perto dele.

PS. Íntegra do artigo de FHC.