Artigo para a seção “Farol”, edição de 5/6/2016 do O POVO.>>>>

Agora a coisa é séria>>>>

José Sarney, um dos políticos mais longevos do Brasil, pode entender pouco de armas, porém sabe muito de política: conhece seus caminhos e descaminhos.

Na gravação em que surge conversando com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, Sarney diz que a delação premiada que a Odebrechet está negociando será uma “metralhadora de ponto 100”, referência à arma verbal que os diretores da empresa estão dispostos a usar.

O tal “ponto 100” especifica o calibre da arma, que é – grosso modo – referência ao diâmetro da munição utilizada, no caso, equivalente a 25,4 milímetros. Porém, nem sempre o calibre equivale à sua força mortal. De qualquer modo, diferentemente de um revólver ou de uma pistola, que atiram uma bala por vez, metralhadora dispara rajadas. E, nas mãos de uma espécie de Rambo das construtoras, o estrago será grande, à direita, à esquerda e ao centro.

O que preocupa os caciques é que a corrupção não nasceu ontem, com o PT, nem anteontem, com o PSDB. Vem de antes, entranhada nos governos, manipulada, muita vez, pelos mesmos personagens ou seus descendentes.

Vai-se revelar que, ao contrário do que alguns afirmam, a corrupção é “sistematizada” há muito tempo. Desse ponto de vista, o crime do PT foi inflacionar o negócio, ficando exposto quando a polícia estava chegando.

Como preocupou-se Sarney, ex-tudo em política: “Agora a coisa é séria, acho que o negócio é sério”.

Tagged in: