Artigo para a editoria de Política, edição de 31/10/2016 do O POVO.

Três partidos: o PT, o PSDB e a Universal

Como diria o eminente presidente do Senado, Renan Calheiros: além da queda, coice. O PT sofreu um baque terrível nestas eleições, caiu de 644 prefeituras para 261, em todo o Brasil. Elegeu apenas um prefeito de capital, Rio Branco (AC).

A pancada mais dura, do ponto de vista simbólico foi no ABC, região industrial de São Paulo – berço do PT -, na qual o partido não conseguiu eleger prefeito em nenhuma de suas cidades: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema.

Foi também emblemático o fato de os dois ex-presidentes petistas terem deixado de votar, exercendo o direito facultado às pessoas com mais de 70 anos. Lula evitou a sua tradicional urna em São Bernardo, onde iniciou a sua atividade de líder sindical, que o levaria à presidência do Brasil por duas vezes. Dilma Rousseff, hoje uma pacata moradora de Porto Alegre, não votou, pois visitava a mãe em Belo Horizonte.

Assim, melancolicamente, encerra-se um ciclo para o Partido dos Trabalhadores.

Quanto ao PSDB, saiu-se muito bem nas eleições. Depois de vencer em duas capitais no primeiro turno, ganhou mais cinco prefeituras das oito que disputou no segundo. Porém, perdeu em Belo Horizonte, cidade na qual o senador Aécio Neves aplicou-se em apoiar seu protegido.

Com o ministro José Serra em vias de se enrolar na Lava Jato e Aécio baleado pela derrota (e também preocupado com as delações premiadas), quem sai fortalecido no partido – na disputa pela candidatura à presidência da República – é o governador Geraldo Alckmin, que elegeu seu afilhado no primeiro turno.

Mas precisamos falar do Rio de Janeiro, onde Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), derrotou o candidato do Psol, Marcelo Freixo. Crivella é um fanático religioso, que rebocou uma demão de civilidade, mas continua cheirando a enxofre.

A Igreja Universal é um partido político, que escandalosamente detém a concessão da segunda maior rede de televisão do Brasil, a Record. E a Iurd tem um plano de poder, cujo passo mais audacioso – até agora – foi eleger o prefeito da segunda capital mais populosa do Brasil, também conhecida como Cidade Maravilhosa. Ainda será? Medo.

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