Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 23/2/2017 do O POVO.
A linguagem da truculência
Cada governo se define por um tipo de linguagem, não apenas em termos de palavras, mas também no sentido mais amplo. O governo Temer inaugurou a linguagem da truculência, pois, apesar dos salamaleques linguageiros (“exata e precisamente”) do chefe, seus auxiliares mantêm o sestro dos velhos coronéis, habituados a dar ordens, sem permitir o diálogo.
Para ficar em casos mais recentes, lembremos Geddel Vieira Lima, usando a sua condição de (ex)poderoso secretário de Governo como gazua para pressionar o ministro da Cultura a liberar a construção de um edifício de seu interesse em Salvador, em área tombada pelo Iphan.
O afoito senador Romero Jucá, defenestrado do Ministério do Planejamento depois de exposto o seu objetivo de “estancar a sangria” da Lava Jato, volta agora ao noticiário por outra de suas artes, ao equiparar o foro privilegiado para autoridades a uma “suruba”. Na casta verbalização de Jucá: “Se acabar o foro é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”. Pressionado por ter apresentado uma PEC visando proteger de processos os presidentes do Senado e da Câmara, o bravo senador culpou a imprensa, comprando-a ao “nazismo e ao fascismo”.
No mesmo tom, Alexandre de Moraes, ministro licenciado da Justiça, acusou a imprensa de mentir: “A imprensa às vezes inventa o que bem entender”. Respondia – durante a sabatina na postulação ao cargo de ministro do STF – se teria recebido dinheiro de uma empresa investigada na operação Acrônimo, da Polícia Federal.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o nomeado secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, também mostrou sua face autoritária. À pergunta se, em nome combate à crise econômica, estaria defendendo “amenizar” as investigações da Lava Jato, advertiu o repórter “exaltado e de dedo em riste”: “Você me respeite”. Quando perguntado porque achava que Lula continuava com a popularidade alta, repreende o jornalista: “Olha aqui, rapaz, você é muito novo, olhe aqui…”
(Alguém precisa explicar ao ministro e a esse governo de macróbios que juventude não é sinônimo de estultice e nem velhice, necessariamente, sinal de sabedoria.)
Meu pai sempre fala que a política brasileira sempre foi um antro de imoralidade, corrupção, permissividade, balbúrdia e sacanagem propriamente dita não é novidade pra ninguém, mas as indecências das relações promíscuas que adornam o governo ilegítimo de Michel Temer desceram a níveis tais que fariam corar de vergonha o próprio Marquês de Sade.
Verdade seja dita, desde que Romero Jucá – o porta-voz informal da baixaria Temeriana – classificou como “suruba” a pornografia institucionalizada do foro privilegiado, ficou cada vez mais clara a forma que devemos entender todo o movimento que se organizou para criar as condições necessárias para a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff.Que a política brasileira sempre foi um antro de imoralidade, corrupção, permissividade, balbúrdia e sacanagem propriamente dita não é novidade pra ninguém, mas as indecências das relações promíscuas que adornam o governo ilegítimo de Michel Temer desceram a níveis tais que fariam corar de vergonha o próprio Marquês de Sade.
Verdade seja dita, desde que Romero Jucá – o porta-voz informal da baixaria Temeriana – classificou como “suruba” a pornografia institucionalizada do foro privilegiado, ficou cada vez mais clara a forma que devemos entender todo o movimento que se organizou para criar as condições necessárias para a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff.
Só lembrando, mais do mesmo
Gedel foi ministro da Integração Nacional do governo Lula
Moreira Franco Foi nomeado, no início da gestão Dilma/Temer, para a hoje extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos[6] e, posteriormente, nomeado ministro da Aviação Civil.
Em 2006, Romero foi escolhido líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cargo que também ocupou na gestão da presidente Dilma Rousseff,
Marta Suplici (PT), ministra do Turismo, crise da aviação sai com “relacha e goza”, para os passageiros enfurecidos.
Logo é apenas a continuação daqueles, truculentos, de antes esquecidos.
É como dizem por aí, não adianta o que você escreve, importa o que o outro entende. Confesso que tenho a maior dificuldade – o problema evidentemente é comigo – de fazer alguns leitores entenderem o que escrevo. Mas tenho esperança, sou insistente, vou melhorar.