Com 49 anos de experiência no batente, José Paulo Kupfer (O Estado de S. Paulo) é um dos jornalistas econômicos mais respeitados do país. Formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP), ele trabalhou nas redações da Exame, IstoÉ, O Globo e O Estado de S. Paulo, jornal no qual está desde 1988.

Em entrevista ao Portal Imprensa, ele fala sobre a cobertura econômica dos jornais, criticando a falta de diversidade de fontes e do jornalismo “enviesado” que toma conta da imprensa com uma “única visão da economia”.

Alguns trechos (com grifos meus):

“(…) o jornalista, por pressão ou alguma outra coisa, talvez pela televisão ou ainda mais agora com redes sociais, resolveu ser protagonista. Eu refuto isso. Nós não somos protagonistas. Somos narradores…”

“(…) percebo, com a minha experiência na grande imprensa, que o jornalismo é muito enviesado, desequilibrado, com uma única visão de economia. O termo eu não gosto, porque é muito resumidor, mas a visão predominante na cobertura dos temas econômicos é neoliberal.”

“Em economia, especialmente, as fontes são todas velhas. Um cara aparece num lugar, o outro busca ele, vai para a tevê, rádio. Vira um circuito. A gente sabe quem fala e qual o assunto. São sempre os mesmos…”

“O acesso a esse pessoal, que está treinado para falar e tem interesse em participar no debate econômico pela imprensa – porque isso gera clientela, no caso das escolas, alunos – faz com que esse circuito fique muito viciado. As fontes alternativas necessárias para contestar, contradizer, fazer com que o leitor tenha um leque de alternativa, fica prejudicado. Porque, do outro lado, as fontes que não são oferecidas, normalmente são invisíveis.”

Veja a entrevista completa no Portal Imprensa.

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