Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 1º/6/2017 do O POVO.
Perdido por um, perdido por dez
Somente os ingênuos (e os muito espertos), que acreditaram ter a ex-presidente Dilma Rousseff caído pelas “pedaladas” – e viam Michel Temer como o “pacificador” do país -, vão defender a nomeação de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça como movimento normal no governo. Jardim entrou com a missão de separar o joio do trigo, para lançar este fora e cultivar o primeiro. O desejo de “estancar a sangria” nunca abandonou este governo.
Na sabatina ao Senado – quando indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) -, o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, alegou que, sob seu comando, a Polícia Federal havia sido reforçada com “mais delegados, mais agentes, mais peritos, mais orçamento”. O “Truco”, projeto de checagem de dados da Agência Pública, classificou informação como falsa – e provou.
Moraes foi ministro da Justiça de 12/52016 a 22/2/2017. Nesse período, o orçamento da Lava Jato foi de R$ 2,02 milhões. Entre maio/2015 e fevereiro/2016, na titularidade de José Eduardo Cardozo, o orçamento foi de R$ 3,57 milhões, 43% a mais comparandos-se com a gestão de Moraes.
Osmar Serraglio, o demitido ministro da Justiça, era considerado “fraco” por aliados do governo, incapaz de intervir na Polícia Federal, de modo a livrar correligionários e empresários enroscados nas investigações. (Justiça seja feita, a mesma acusação era feita, por petistas, a Cardozo, no governo de Dilma.)
Temer, portanto, descalçou as luvas de pelica, escanteou as mesóclises e mandou os bons modos às favas. Chegou àquela situação parecida com a do técnico de futebol, perdendo um jogo do qual depende a classificação, manda todo o time para a frente, na base de “perdido por um, perdido por dez”. E Jardim foi escalado como o centroavante rompedor.
PS. 1) Agência Pública: Lava Jato diminui no governo Temer. 2) A conta na Suíça de Guido Mantega é mais uma prova de que o PT contribuiu para a desqualificação da política.
Plinio acredita que eram frágeis os motivos alegados para o afastamento da presidente e que eram um ataque à democracia.
Mas após 1 ano sabemos o quanto o fiel aliado Eduardo Cunha ajudou Dilma até aceitar o pedido menos danoso para ela.
O aliado Cunha já está na cadeia e outro grande aliado, indicado para vice, Temer, também acabou.
Destacaram somente pedaladas e deixaram de analisar os assaltos aos fundos de pensão, Petrobrás, BNDES ou transferência de recursos para grandes empresários.
Com Dilma no poder demoraríamos para tomar conhecimento de Odebrecth, JBS e outras tenebrosas transações.
PB diz: Temer, portanto, descalçou as luvas de pelica, escanteou as mesóclises e mandou os bons modos às favas.
E pergunto:
Somente Temer?
Dilma usou o Bessias e tentou nomear Lula, pois já perdia por 1.
Depois perdeu por 7 e até por 10.
Cito José Casado:
Joesley contou ter acertado com os presidentes da Funcef e da Petros “1% para cada sobre o valor das operações da JBS com os fundos.
As estranhas transações corroeram em 20 bilhões de dólares o patrimônio da Petros, Previ, Postalis e Funcef.
Cito Fábio Campos:
Quando estava no poder, jogou o País na mais violenta recessão de sua História. Agora, fora do poder, faz tudo para que a economia não reaja. Nem que para isso promova-se quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios.
Depenaram estatais, levaram o País à bancarrota, rapinaram fundos de pensão. Quem se importa? Diretas Já! Às favas com a Constituição. O que importa é melar o jogo democrático.
Paulo Moreira, o citador.