Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 15/6/2017 do O POVO.
PSDB/PMDB: o monitor e o monitorado
O fracasso subiu à cabeça do PSDB. Somente isso pode explicar por que um partido, saído do ventre do PMDB para combatendo suas velhas práticas, torna-se agora o sustentáculo de um governo peemedebista que degenera em praça pública.
Nascido como um partido ideológico, “de cunho socialista e democrático”, como declarou à época, Fernando Henrique Cardoso, os tucanos queriam diferenciar-se do fisiologismo vigente. Mas o devaneio da social democracia, que lhe carimba o nome, foi abandonado quando o PT ocupou essa faixa do espectro ideológico. Ao PSDB restou mover-se à direita, aliando-se aos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade.
Os dois grandes partidos do pós-ditadura, PT e PSDB (ainda que, cronologicamente, o Partido dos Trabalhadores tenha sido fundado no período do governo militar), que poderiam ter dado uma nova face à política, adquiriram todos os vícios do passado patrimonialista brasileiro e aprenderam poucas lições que servissem para mudar a conjuntura e, ao mesmo tempo, a pavimentar um caminho para o futuro. Nesse aspecto, andou-se para trás.
Mas, como o caso aqui é o PSDB, diga-se que o partido trocou seus princípios por um prato de lentilhas: pela promessa do PMDB de apoiar o desejo obsessivo dos tucanos de voltarem à Presidência e de ajudar na salvação do ex-menino prodígio, Aécio Neves.
Essa decisão fez com que alguns nomes importantes do PSDB deixassem o partido, como o jurista Miguel Reali Jr. (autor do pedido de impeachment de Dilma) e o empresário Ricardo Semler (filiado há mais de 30 anos), além da rejeição da “bancada jovem” à política dos velhos tucanos.
Como consolo aos recalcitrantes, o presidente interino (enquanto Aécio não volta) do PSDB, Tasso Jereissati, disse que o partido fará o “monitoramento diário” do governo Temer, para avaliar a permanência do apoio. Monitoramento diário é para quem está na UTI. E, no caso, difícil saber qual a situação mais humilhante: a do monitor ou do monitorado.
Plinio segue a risca os ensinamentos de seus deus Lula e é obcecado pelo PSDB.
Cito Valentina de Botas, Augusto Nunes:
Miguel Reale Jr. decide sair do PSDB porque o partido resolveu manter o apoio ao governo Temer. O partido foi criticado como o seria se tivesse tomado outra decisão. Tem muita gente com coragem para bater em quem está apanhando. O jurista tomou uma atitude pessoal com todo o direito a fazê-lo, mas me pergunto se ele terá compreendido a excepcionalidade do momento em que o país tem 14 milhões de desempregados e mais 10 milhões em situação de precariedade empregatícia. São 24 milhões de famílias angustiadas e levantam-se ahs e ohs não a isso, mas à decisão do PSDB; até outro dia, partidos apoiarem um governo e outros se oporem era somente o exercício da democracia. A crise multiforme está posta, não cola o PSDB se pretender limpinho, pois também terá de se haver com as denúncias que o atingem e ainda o atingirão provavelmente; entretanto, se deixasse o governo, seria o coveiro de chance ainda viva para as reformas. Deixar o governo e manter o apoio às reformas não ajuda porque a retirada traduziria um progressivo isolamento do governo e isso o enfraquece para a própria sustentação das reformas; estas são o que mais importa para a nação exaurida e desencantada menos pela destruição do que não prestava, e mais porque os horizontes melancólicos já começam a desenhar a reconstrução do passado ao qual ela dissera adeus no impeachment referendado nas eleições municipais.
Caro “Citador”, sinto desapontá-lo: sou ateu e dispenso obsessões.
Abraço.
E agora, Aecim?
O Joesley traiu,
a casa caiu,
seu mundo ruiu,
a Papuda, psiu,
e agora, Aecim?
e agora, você?
chato multidelatado,
Al Capone flagrado,
pilantra descarado,
senador afastado,
e agora, Aecim?
.
Está sem mandato,
está sem discurso,
está sem salário,
só resta beber,
só resta fumar,
suspirar sem parar é o que pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
a mala não veio.
Rodou o moinho, voltou o cipó,
o lombo doeu, e tudo acabou
e tudo fugiu e tudo zerou,
até o Vox Populi zerou, Aecim,
e agora?
.
E agora, Aecim?
Sua triste derrota,
sua falta de ESTRELA,
seu inconformismo, sua ira,
sua encheção de saco, sua desfaçatez,
sua hipocrisia, sua soberba,
sua gula de ouro, sua louca ambição,
sua intolerância, seu ódio,
e agora – valeu a pena, Aecim?
.
Com a chave na mão
quer abrir as malas,
devolveram as malas;
quer nadar no mar,
seu mar só tem lama;
quer ir para Aspen,
Aspen não há mais, e nem Liechtenstein,
não tem mais passaporte, Aecim, e agora?
.
Se Janot arquivasse,
somente Gilmar julgasse,
se Andrea fugisse,
Oswaldinho calasse,
se Perrela assumisse,
Mendherson se matasse,
e se o Fred morresse, antes que delatasse…
Mas ninguém morre, Aecim,
e agora?
.
Tasso de bos@#,
Alckmin do cara@#&.
Preso na gaiola
qual bicho-do-mato,
babando de ódio,
sem mais sua ORCRIM
para presidir,
sem o avião do Perrela
para lhe resgatar,
camburão costurando,
as sirenes tocando,
o povo rugindo,
helicocas voando,
os puliça atirando,
as têvês perseguindo,
as câmeras filmando,
nesse sonho medonho
eles levam você, Aecim,
Aecim, para onde?