Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 3/8/2017 do O POVO. >>>

Enquanto isso, Temer vai ficando>>>

Com a popularidade no limite da margem de erro, uma acusação de corrupção passiva e outra à frente, que pode incriminá-lo por obstrução à Justiça, o que mantém o presidente Michel Temer no comando do País? Ontem, por exemplo, a denúncia que poderia torná-lo réu, afastando-o da Presidência, foi barrada da Câmara dos Deputados.

Uma das colunas de sustentação de Temer são os seus titereiros profissionais, que sabem manipular os cordéis da política sem nenhum tipo de escrúpulo. Depois, o presidente instituiu uma espécie de parlamentarismo distorcido, no qual garante o apoio do Congresso à custa da concessão de emendas parlamentares e da oferta de favores (com dinheiro público), como forma de domesticar bancadas atuantes no Congresso, como a dos ruralistas.

Existe também uma espécie de conformismo de alguns setores da sociedade que entendam não valer a pena investir contra Temer a pouco menos de ano e meio para o fim de seu mandato. Outros, não por conformismo, mas por cálculo político, preferem deixar a coisa correr, vendo a indignação contra o presidente aumentar dia a dia. Esses esperam surgir em 2018 como o contraponto perfeito ao destroço provocado por Temer nas áreas sociais. Parece ser o caso de pelo menos um setor importante do PT.

Acrescente-se a ausência dos movimentos que atuaram fortemente no impeachment de Dilma Rousseff, mas recusam-se a fazer a “dancinha da corrupção” para o governo. Mesmo depois de Temer ter sido flagrado em animada troca de ideias com um “bandido notório” no escurinho do Palácio do Jaburu. A esses movimentos, só resta agora rever um de seus bordões: “Nós não temos bandidos de estimação”.

A esquerda, porém, também não consegue mobilizar a rua, mas esta é uma senhora imprevisível. Ninguém esperava “revolta dos 20 centavos” contra o aumento nas passagens de ônibus. A gasolina aumentou 40.

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