Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 14/9/2017 do O POVO.
Os donos do negócio
É difícil imaginar qual é o tipo de gente disposta a plantar-se à frente da sede da Polícia Federal para soltar rojões comemorando a prisão de Joesley Batista. Deve ser da mesma classe daqueles que desrespeitam cerimônias fúnebres e agridem pessoas das quais discordam em restaurantes ou no meio da rua, com hipócritas discursos moralistas.
Mas é claro que esse tipo de erva daninha não floresce por acaso. O adubo é fornecido por justiceiros, que se põem acima do bem e do mal, fustigando a turba ignara com recado nem tão subliminar: vamos por todos os maus na cadeia e teremos um mundo limpinho e cheiroso.
É claro que criminosos têm de responder pelos seus atos, inclusive com a pena de prisão, se for o caso. Mas o problema do Brasil é mais complexo – e não será resolvido com delações bombásticas e nem com perfomances espetaculosas encenadas por heróis de pés de barro, com togas ou ternos bem cortados.
Ouvi muita gente afirmar que o resultado do “mensalão” seria exemplar: com mais de duas dezenas de prisões, faria políticos a retraírem os maus costumes. Ocorre que a corrupção, mais do que desvio de caráter, é um motor com vida própria. Por isso, fazer crer que o mero encarceramento é a solução do problema é fraudar a realidade. Observem: mesmo em pleno desenvolvimento da Lava Jato, o suborno continuou correr solto, beneficiando, inclusive, alguns dos presos.
Por isso, é risível o argumento da corrupção como um engenho inventando pelo PT, ou que o partido ter-lhe-ia dado organicidade profissional. Nesse mercado nunca houve amadores. O PT encontrou a máquina em andamento e embarcou na locomotiva.
No modelo político brasileiro parece impossível governar sem expedientes sujos, pois lubrificar as peças da engrenagem custa dinheiro. Nem PSDB, nem o PT, os únicos partidos que poderiam enfrentar essa ruína, tiveram disposição para fazê-lo: preferiram continuar cevando o PMDB e seus pigmeus morais, até que essa turma cansou-se de intermediários e resolveu tomar conta do negócio.
O maior discurso do socialismo de ifone durante anos foi que no Brasil apenas petro e pobre eram presos.
Agora que milionários (as custas do dinheiro da nação) são presos torna-se incomodo manifestação de apoio a PF .
Uma coisa não muda no socialismo de ifone, estão sempre dispostos a defender bandidos .
É o seu caso?, escrevendo ao som de um gramofone?