Reprodução do artigo publicado na edição de 07/03/2019 do O POVO, editoria de Opinião.
O mundo é um moinho
O presidente da República, Jair Bolsonaro, foi eleito com quase 58 milhões de votos, ganhando a confiança de mais da metade dos eleitores. Um grande capital político construído sob convocação de “mudar tudo o que está aí”.
Mas, como diz Cartola, o mundo é um moinho, que faz triturar sonhos mesquinhos, reduzindo ilusões (reacionárias) a pó. O castelo de cartas começou a desmoronar mais cedo do que se esperava. Segundo pesquisa CNT/MDA (26/2/2019), Bolsonaro tem a pior marca de início de gestão, avaliada como ótima ou boa por 38,9% dos brasileiros. Quem detinha esse título era Dilma Rousseff, tendo iniciado seu governo (2011), com 49,1 de aprovação. FHC (1995) tinha 57% e Lula (2003), 56,6%. Isso indica que a confiança em Bolsonaro, eleito com 55% dos votos, vem sofrendo rápida erosão.
Mas a gororoba populista eleitoral tinha tudo para dar errado: e está dando. E nem digam que quem faz críticas a Bolsonaro “torce” contra o Brasil. Desculpem, mas essa trupe brancaleônica não precisa de torcida contra; eles mesmo estão se atolando no pântano venenoso que cultivam. (Com as desculpas a Brancaleone que, pelo menos, era um sujeito bem intencionado.)
O carnaval, por tradição, período em que a críticas aos costumes e aos políticos ganha conotações mais duras, porém divertidas, ajudou a revelar o tamanho do abismo que o governo cava com os próprios pés. De Sul a Norte ecoou os refrões “ei, Bolsonaro, vá tomar no c*” e ” “ai, ai, ai, ai, ai,ai, Bolsonaro é o car**”, em blocos e aglomeração de foliões.
Na tentativa de se defender, a resposta do presidente foi a pior possível. Ele postou, na terça-feira, um vídeo escatológico, supostamente filmado durante o carnaval, com um homem enfiando o dedo no rabesquefe (consultar Dicionário do Nordeste, de Fred Navarro) e, em seguida, um segundo rapaz, aparentemente, urina sobre os cabelos do primeiro. A cena, que ficaria restrita a poucas pessoas, se Bolsonaro não a postasse em seu perfil, como “prova” da suposta degenerescência carnavalesca, tornou-se viral, voltando-se contra o presidente.
A conta do presidente no Twitter tem quase 3,5 milhões de seguidores; muitos deles crianças. Grande exemplo.
Como de costume o presidente já voltou atrás e disse que não foi bem isso que ele quis dizer,chega dele dizer e,depois, vir alguém dizer que ele foi mal interpretado.Não são os outros que o entendem mal,ele apresenta-se como “militar” e para tal deve ter(em tese) algum nível de conhecimento e o que ele escreve e fala é exatamente o que ele pensa.
“Bolsonaro tem a pior marca de início de gestão, avaliada como ótima ou boa por 38,9% dos brasileiros. ”
Má fé, Plínio, são períodos distintos, como também tempos de governos distintos. Além disso, encobrem o sucesso e a aprovação pessoal do presidente e de seu governo.
Por óbvio são períodos distintos, Celedônio, a comparação é com a marca de aprovação com a qual cada governo iniciou o seu mandato. A propósito, onde está o “sucesso” de Bolsonaro? Em suas declarações estapafúrdias? A cada vez que ele abre a boca é preciso uma legião de assessores e ministros para “explicar” o que ele falou.
Eu também acho que ele teve sucesso. Se considerou que a maioria do eleitorado brasileiro é idiota, que seria fácil enganá-la, bastava um “ismartefone”, é, ele teve sucesso.