Mesmo os “fãs” do ministro da Justiça, Sérgio Moro, hão de concordar-se que ele apequenou-se desde que assumiu o papel de auxiliar do presidente Jair Bolsonaro. De superministro tornou-se um desajeitado pau pra toda obra quando se trata de livrar o presidente de algum enrosco. A cada crítica que sofre o presidente, lá está o indefectível Moro a defendê-lo, ainda que precise pisotear a ética para fazê-lo.

Desta vez ele acabou por confessar uma irregularidade na ânsia em apresentar-se como advogado do chefe. Depois de a Folha de S. Paulo ter publicado reportagem mostrando que o laranjal do PSL em Minas Gerais pode ter abastecido a campanha de Bolsonaro, ele saiu-se com esta nas redes sociais:

“Jair Bolsonaro fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje (6/10/2019) não reflete a realidade. Nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o presidente neste inquérito de Minas. Estes são os fatos.”

Acontece que o processo corre em segredo de Justiça. Assim, como Moro pode garantir que nada há contra o presidente, se não tem acesso ao material produzido? Ou tem, de modo, digamos, “informal”, como era prática quando ele era juiz da Lava Jato?

O presidente também abriu seu destampatório contra o jornal afirmando que, “com mentiras habituais” a Folha havia descido “às profundezas do esgoto”. Em seguida, o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten, propôs um boicote publicitário a jornais que, no entender dele, veiculam “manchetes escandalosas”.

A raiva governista contra o jornal deve-se ao fato de ter sido a Folha a fazer a reportagem inicial sobre as irregularidades ocorridas no PSL em Minas Gerais, que serviram de base para a abertura da investigação pela Polícia Federal. Jogar o poder do Estado contra veículos de informação é algo típico de ditadores, algo que o Bolsonaro intenta.

Por isso não se conforma críticas (mandou um “com a sua mãe!” para um cidadão que lhe fez a famosa pergunta: “Onde está o Queiroz?”); odeia a imprensa livre; e ataca os pesos e contrapesos institucionais próprios do regime democrático.

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