Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 26/4/2018 do O POVO.
Como usar o dinheiro público contra o público
1) O portal Congresso em Foco divulgou informação mostrando que, entre 2017 e 2018, o governo Michel Temer repassou R$ 862,8 mil para a Fundação Sara Nossa Terra, que mantém a igreja evangélica do mesmo nome, em Brasília.
Segundo o portal, foi um dos 20 maiores valores gastos para elogiar a esquecida reforma da Previdência. Dono da igreja, o bispo Robson Rodovalho é aguerrido defensor da reforma, e fala com os fiéis por uma estrutura própria de comunicação. Temer ficou sem a reforma, trocada pela intervenção federal no Rio de Janeiro. Mas Rodovalho, com trocadilho e tudo, passou o rodo no dinheiro.
2) A agência Sportlight de Jornalismo descobriu que a Eletrobrás pagou R$ 1,8 milhão “para que falassem mal da própria empresa”. A privatização da estatal – tratada como “desestatização ou “democratização do capital” – passou a ser prioridade do governo Temer, que assinou contrato com a RP Brasil Comunicações, a “maior empresa de assessoria de imprensa do país” para tratar do assunto.
Com base em documentos da própria estatal, incluindo o contrato assinado com a RP Brasil, a SportLight afirma que, em busca de um ambiente favorável à privatização, a empresa usou como estratégia “a divulgação de um cenário de mazelas e problemas da estatal”. Para conseguir o objetivo “era preciso acionar os chamados formadores de opinião, imprensa, soltar notas em colunas de jornais, municiar comentaristas econômicos”. Além, disso havia a necessidade de “pautar a mídia em geral, mostrando sempre um cenário que tornasse urgente tal privatização, acelerada pela pressa do governo federal em concretizar o negócio”.
3) Tanto no caso da igreja beneficiada com altas verbas publicitárias, quanto na descoberta do contrato da Eletrobrás com a RP Brasil, os documentos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Ambas as situações mostram como impostos podem se tornar armas voltadas contra o próprio pagador, o cidadão contribuinte.
PS. Para ler os textos completos: Congresso em Foco e Sportlight.
É lamentável que práticas dessas natureza aconteçam no Brasil. O que foi comum no governo do PT (abastecer canais de informação com notícias afastadas da verdade, a custa do dinheiro do contribuinte) parece que veio para ficar.
Lamentável é que todas as mazelas do país sejam atribuídas ao PT, que teve um governo tão ruim que foi necessário forjar um julgamento de fachada com um juiz escolhido a dedo com o objetivo de prender o futuro presidente, que provavelmente seria eleito no primeiro turno, para evitar que o partido voltasse ao poder.
Felipe, o PT não pode ser responsabilizado por todos os demandos do país. Porém, inegável que o staff petista aprimourou com dinheiro o uso de “canais amigos” para peegar o que lhe convinha e destruir quem ele queria.