Convenção que oficializou no domingo a candidatura de Camilo Santana à reeleição e de Cid Gomes ao Senado (Foto: Mateus Dantas)

A ausência do ex-governador Cid Gomes (PDT) na convenção que homologou a própria candidatura ao Senado pode ser o primeiro indício de que a grande aliança em torno da reeleição de Camilo Santana (PT) começa a apresentar fissuras.

Candidato na chapa governista e um dos coordenadores da campanha de Ciro Gomes nas eleições presidenciais, era mais que natural que Cid não apenas comparecesse ao evento que oficializou o seu nome na disputa a uma das vagas ao Senado, como também pedisse votos para o irmão.

O candidato, entretanto, faltou. De acordo com Camilo, que tentou explicar o sumiço de Cid durante a convenção realizada ontem, o ex-governador foi abatido por uma prosaica “enxaqueca”, já que passara a noite anterior envolvido nas articulações para a formação das alianças locais. Mas talvez haja outros motivos para a indisposição do pedetista.

Apenas um dia antes, Camilo havia estado no palanque do senador Eunício Oliveira (MDB), candidato à reeleição e desafeto de Ciro – pouco menos de um mês atrás, o presidenciável se referiu a Eunício como “picareta”. Lá, o governador fez questão de dissipar qualquer dúvida de que vai apoiar, sim, o emedebista, a despeito de todos os xingamentos disparados pelos Ferreira Gomes contra o presidente do Congresso.

A um ginásio lotado de militância e apoiadores, Camilo admitiu que Eunício é o seu “candidato a senador da República pelo Ceará”. Uma declaração suficientemente cristalina.

Da família Ferreira Gomes, apenas dois membros estiveram ao lado de Camilo na convenção nesse domingo: Lia Gomes, irmã de Ciro e Cid e candidata a uma vaga na Assembleia Legislativa. E Aníbal Gomes, primo, deputado federal e alvo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

O recado parece igualmente claro: o clã está amuado. Seja porque Camilo declarou-se eleitor de Lula no encontro de tática do PT há uma semana, seja porque se mostrou surpreendentemente íntimo de Eunício no último sábado, fato é que há algo de estranho na grande aliança camilista a ponto de fazer Cid, candidato ao Senado, boicotar a própria homologação. É como o aniversariante que faltasse à festa de aniversário.

Resta saber se essa contrariedade expressa pelos FG é apenas ruído entre aliados ou o começo de um movimento de afastamento. Convém aguardar os próximos lances.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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