Presidenciável Ciro Gomes (PDT): candidato critica isolamento imposto por PT e PSDB na disputa (Foto: Fco Fontenele)

Crítico das estratégias de PT e PSDB nestas eleições, que o isolaram na corrida ao Planalto, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) usa com frequência a mesma arma política quando se trata de enfrentar os seus adversários no Ceará.

Sozinho na disputa depois de perder o apoio do “centrão” (DEM, PR, PP, SD e PRB) para o tucano Geraldo Alckmin e do PCdoB para Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador do Estado desabafou.

Na última segunda-feira, durante lançamento da senadora Kátia Abreu como vice na chapa, Ciro queixou-se da “confrontação amesquinhada” entre PT e PSDB, além de acusar os dois partidos de lhe desferirem uma “punhalada pelas costas”.

“É só fuxico, é só tratativa de gabinete, é só conchavo, é só rasteira, é só punhalada pelas costas”, atacou Ciro. “Porque a base moral da falta de escrúpulo na política é a mesma base moral de quem tem falta de escrúpulo diante do dinheiro publico.”

No Ceará, porém, o grupo liderado pelo pedetista utiliza expediente semelhante para encurralar opositores, notadamente o PSDB do senador Tasso Jereissati.

Desde o fim de 2016, o governador Camilo Santana (PT), apadrinhado por Ciro, trabalhou primeiro para extinguir o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), presidido pelo ex-vice-governador Domingos Filho (PSD), então na oposição.

Em seguida, tratou de se reaproximar do MDB do senador Eunício Oliveira, que deixou a insegurança do ninho tucano para se aninhar no colo governista. Hoje parte da base do governador, Eunício concorre à reeleição numa aliança informal com o petista.

Do bloco opositor que se formou em torno da candidatura do presidente do Senado em 2014 contra Camilo, restaram apenas o deputado estadual Capitão Wagner, candidato a uma vaga na Câmara Federal pelo Pros, e o próprio Tasso.

A rasteira final dos Ferreira Gomes na oposição veio em maio passado. No dia 21 daquele mês, enquanto Tasso lançava General Theophilo ao Palácio da Abolição, Domingos Filho, agora conselheiro em disponibilidade do TCE, anunciava que estava deixando a oposição para se aliar a Camilo – de casa nova e sob as bênçãos do governador, Filho vai disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa.

No palanque ao lado do general, Tasso criticou duramente os Ferreira Gomes e confidenciou: nunca havia se sentido tão só na política.

Pouco menos de três meses depois, Ciro diria algo parecido, agora noutras circunstâncias. Depois de ser rifado pelo PSB, que o largou na estrada para se declarar neutro nas eleições após pressão do PT, o ex-ministro cearense disse que não sabia o tinha feito contra Lula para merecer tal tratamento.

Ex-aliados, Tasso e Ciro talvez tenham muito a conversar sobre o assunto quando a poeira destas eleições baixar.

Tagged in:

,

About the Author

Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

View All Articles