(Foto: Evaristo Sá/AFP)

 

Os fracassos do PDT na costura de alianças com PSB e “centrão” em torno da candidatura de Ciro Gomes (PDT) fizeram a sigla buscar alternativa dentro das próprias fileiras. A senadora Kátia Abreu (PDT), então, foi confirmada nessa segunda-feira, 6, candidata a vice na chapa do ex-governador do Ceará.

A escolha pela recém-pedetista guarda, em parte, similaridade com o perfil inicialmente traçado por Ciro para a sua vice. Em 27 de abril deste ano, ao Estado de S.Paulo, Ciro disse que ambicionava para a composição de chapa “alguém da produção ligado ao Sudeste brasileiro”. Katia é empresária ligada ao ramo pecuarista, embora não seja do Sudeste, mas de Tocantis, situado no Centro-oeste do Brasil.

Enquanto Ciro Gomes tenta os votos da centro-esquerda, Katia, em função da representatividade no agronegócio nacional, seria estratégica na conquista de eleitorado com bandeiras ideologicamente ligadas à direita e centro-direita. Em entrevista à Folha de S. Paulo, em 9/10/2013, se definiu defensora de valores liberais: livre iniciativa, livre mercado e liberdades individuais. “Eu sou uma liberal no que diz respeito a todas essas questões”, cunhou.

Um das bandeiras levantadas por estes campos é a do agronegócio. A relação que a imagem de Katia Abreu tem com o setor, de liderança, rendeu a ela o prêmio irônico “Motossera de Ouro”, dado pelo Greenpeace às pessoas que, no entendimento da ONG, contribuem para a intensificação do desmatamento no Brasil.

Em 2010, ela apoiou candidatura de José Serra (PSDB) na corrida presidencial – embora quatro anos mais tarde viesse a se desentender com o ex-governador de São Paulo, em briga que teve taça de vinho arremessada em direção ao tucano, segundo a colunista Mônica Bergamo. Em vídeo no Youtube, é possível ver o ex-ministro da Fazenda afirmando que o tucano odeia pobre.

Filiações e centro-esquerda

Na lista de filiações da pedetista, estão Partido Progressista Brasileiro (PPB), em 1995, atual Partido Progressista (PP), PFL, em 1998, atual Democratas (DEM) – em várias situações aliado tucano -, onde foi eleita deputada federal em 2002. Elegeu-se senadora em 2006 pela sigla. Migrou para o PSD em 2011 e, em 2013, filiou-se ao ainda PMDB.

Na sigla de Temer, foi ministra da Agricultura no governo Dilma. Dois anos mais tarde, fim de 2017, foi expulsa pelo conselho de ética do PMDB por “criticar o governo do presidente Michel Temer e por agir contra as orientações do partido no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)”. Teve filiação ao PDT oficializada dia 3 de abril deste ano. Ao todo, cinco siglas, duas a menos que Ciro Gomes – com PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, Pros e PDT no currículo.

A ida da ruralista para campo da centro-esquerda teve novo capítulo nessa segunda-feira, 6. No lançamento de seu nome na chapa puramente da sigla brizolista, Katia disse que Ciro “tem as melhores propostas, as melhores intenções e, sobretudo, tem nas veias o mesmo sangue de cada e de cada brasileira que trabalha todos os dias por um país melhor”. Colocou também que, presidido pelo ex-prefeito de Fortaleza, o “Brasil pode e vai mudar”.

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Carlos Holanda

Repórter de Política do O POVO

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