Jair Bolsonaro (PSL) certamente agradou seus apoiadores no Jornal Nacional, da mesma forma como desagradou quem discorda dele. Desse ponto de vista, o programa foi bastante informativo. O candidato apareceu em plenitude, no que há de “mitológico” ou maravilhoso, conforme o gosto e o estômago.

Bolsonaro sentado na bancada do Jornal Nacional diante de seus entrevistadores

Bolsonaro diante de William Bonner e Renata Vasconcellos

Ele foi melhor no Jornal Nacional que nos debates até agora. A dificuldade de articular ideias e frases esteve presente, mas em menor grau. Bolsonaro gosta de ringue e se sai melhor quando propiciam isso a ele. Teve até algo parecido com desenvoltura. Nisso ele ficou à vontade.

Bateu na Globo pelas contratações via pessoa jurídica (PJ) – a pejotização – para driblar direitos trabalhistas. Citou fala de Roberto Marinho para defender a ditadura militar, na mais previsível de suas investidas. Certamente levou seus fãs ao delírio. Poucas vezes a emissora foi pressionada daquela maneira, ao vivo e dentro de seus estúdios.

O pior momento para ele, de longe, foi quando mencionou a diferença salarial entre Bonner e Renata Vasconcellos. Ela o enquadrou com firmeza. Foi quando ele perdeu pontos e acusou o golpe.

Na véspera, William Bonner e Renata Vasconcellos estavam um tom acima de um Ciro Gomes (PDT) tão zen quanto possível a ele. Na noite desta terça-feira, 28, Bolsonaro foi um tom além na agressividade que os entrevistadores. Foi preparado para bater e fez isso. Ficou menos acuado do que Ciro na véspera.

Bonner e Renata Vasconcellos não conseguiram deixá-lo realmente incomodado com nenhuma pergunta. Para todas tinha resposta, dentro de sua lógica própria, da forma de ver o mundo que é dele e que compartilha com seus seguidores. Os entrevistadores não conseguiram o que fizeram Guilherme Boulos (Psol) no primeiro debate e Marina Silva (Rede) no segundo, ao tirá-lo do sério e do prumo.

Conteúdo

Isso tudo do ponto de vista da forma e da percepção dos eleitores sobre a entrevista. No pouco que se entrou em suas concepções para administrar, há outras coisas reveladoras. E, também, deu recado sobre a forma como percebe o rumo da campanha, com a entrada da televisão.

Sobre isso falo na coluna desta quarta-feira

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Érico Firmo

Colunista de Política e editor do O POVO

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