Goste-se ou não dela, a decisão do TSE põe fim a uma etapa artificiosa da campanha à Presidência.
A partir de agora, as cartas estão à mesa. Sem Lula na parada, cabe a Fernando Haddad (PT) tentar carrear os votos do petista a seu favor, impulsionando sua candidatura, sobretudo no nordeste, onde o petista é relativamente desconhecido.
É um choque de realidade para o eleitor, mas também para os candidatos.
Afinal, com a inelegibilidade do ex-presidente sacramentada por 6 votos a 1 na Corte Eleitoral, ainda que caibam recursos ao STJ e ao STF – e eles virão às pencas -, vale então o que está decidido.
E o que se decidiu, a partir do voto-guia do ministro Luís Roberto Barroso, seguido por seus colegas de toga, foi que, além do indeferimento da postulação, a substituição de Lula por outro candidato tem de ser feita num prazo de dez dias.
Nesse período, o PT não terá direito a participar da propaganda eleitoral, salvo se o partido formalizar já na próxima segunda-feira mesmo o nome do atual vice como titular da chapa.
Atualização: ainda na madrugada deste sábado, o TSE refez parte do voto de Barroso, liberando a propaganda eleitoral com Haddad, de modo que, mesmo que não encabece formalmente a chapa, o petista vai estampar a peça publicitária do partido.
Resumo da ópera: a eleição é outra. Não apenas por causa do início do horário eleitoral gratuito hoje, mas sobretudo porque o quadro de candidatos se estabiliza.
Embora beirassem a zero as chances reais de que o ex-presidente participasse das eleições, muito do discurso de campanha do PT se sustentava nessa ideia algo fantasiosa de que a sigla conseguiria reverter a condição do petista no âmbito judicial.
Para os adversários de Lula, o voto do TSE deflagra o início da disputa pelo espólio do candidato.
E ele não é pequeno. Mesmo rateado, é suficiente para decidir as eleições, seja a favor de Haddad, seja de Marina Silva (Rede) ou de Ciro Gomes (PDT), dois dos principais beneficiados com os votos lulistas.
O tal do Haddad é tão conhecido por aqui que é chamado de “Andrade”.