Presidenciáveis participaram de debate no SBT na tarde desta quarta-feira (Foto: divulgação)

Antepenúltimo debate na corrida eleitoral, o encontro entre os presidenciáveis no SBT nesta quarta-feira foi marcado pela tentativa dos candidatos de romper com a polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), líder e vice-líder nas pesquisas de intenção de voto até aqui.

O postulante mais incisivo foi Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nos levantamentos.

O ex-governador do Ceará estabeleceu distanciamento em relação a Haddad ao dizer que, “se puder governar sem o PT, eu prefiro”.

E acrescentou: “O PT representa uma coisa muito grave porque se transformou numa estrutura de poder odienta que acabou criando o Bolsonaro, essa aberração”.

Nesta reta final, Ciro ainda tenta se cacifar como terceira via ao acenar a eleitores antilulistas, de um lado, e a antibolsonaristas, de outro.

É um duplo movimento com objetivo claro: conquistar o voto do antipetista que embarcou na candidatura de Bolsonaro para evitar a volta da sigla ao poder.

E falar também ao eleitorado que apoia Haddad para impedir a eleição de Bolsonaro porque o vê como um mal maior.

A tática, porém, já vinha sendo explorada pelo cearense noutros encontros, sem tanto sucesso.

De novo mesmo na postura do candidato há somente o tom ligeiramente mais ríspido e a afirmação, agora categórica, de que faz questão de não ter o PT a seu lado num virtual governo.

Haddad, porém, contra-atacou lembrando que, “poucos meses atrás, Ciro me convidava para ser vice dizendo que seria a chapa ‘dream team’”.

O segundo movimento do debate foi a esquiva dos candidatos quando questionados diretamente sobre quem apoiarão num eventual segundo turno entre Haddad e Bolsonaro.

Confrontados com a pergunta, Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos) e Geraldo Alckmin (PSDB) não responderam.

Marina desconversou, Alckmin disse que ainda apostava no crescimento e Meirelles se fez de desentendido.

A Cabo Daciolo (Patriota), que interrompeu o jejum para participar do programa e finalizou sua performance mandando beijo para a mãe e para a esposa, ninguém se interessou em perguntar em quem votaria no segundo turno.

Tampouco a Guilherme Boulos, do Psol.

Até a semana que vem há ainda outros dois debates: domingo, na Rede Recorde, e o último, na Rede Globo, no dia 4/10.

Em trajetória ascendente nas pesquisas e alvo prioritário dos adversários no debate, Haddad manteve postura propositiva. Lembrou dos anos de bonança sob Lula.

E enfatizou, agora mais do que em outros momentos, o seu período à frente do Ministério da Educação.

O petista saiu-se mal, no entanto, ao tentar encurralar Marina, jogando nas costas da ex-senadora e ex-ministra o peso do apoio a Michel Temer (MDB).

Marina apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e, antes disso, chancelou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno de 2014.

Ocorre que Haddad tem feito coisa parecida durante a campanha: pediu bênção a Renan Calheiros em Alagoas e a Eunício Oliveira no Ceará.

Ambos golpistas do MDB, como costuma imprecar o PT na propaganda política.

Excetuando-se esse escorregão, o substituto de Lula na campanha conseguiu atravessar bem a hora e meia de perguntas e respostas.

Na dianteira dos levantamentos de voto, Bolsonaro foi citado poucas vezes no curso da peleja televisiva.

O que, para o militar, a esta altura da eleição, não deixa de ser bom.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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