Embora as eleições ainda estejam em curso e o inesperado venha rondando a disputa desde o começo, já é possível apontar alguns vencedores e perdedores na corrida deste ano.
No campo nacional, não há dúvida de que o PSDB sai derrotado do pleito presidencial.
Seu candidato, o ex-governador de São Paulo, deixou a administração do maior estado do País para se dedicar à campanha.
Assumiu o comando de um partido conflagrado e aos pandarecos depois de Aécio Neves, colhido pela Lava Jato, fazer terra arrasada na legenda.
Alckmin deve concluir a eleição com algo em torno de 8% dos votos válidos – numa perspectiva otimista. A pessimista: 6%.
É, de longe, um dos piores resultados já obtidos por um postulante tucano na briga pelo Planalto.
Marina Silva, da Rede, é outra que encolheu consideravelmente no curso da campanha, cujo início a mostrava com cerca de 15%.
A ex-ministra chega ao dia da votação com algo como 3%, empatada com uma nebulosa de nanicos, entre os quais estão Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (Psol), Alvaro Dias (Podemos) e Cabo Daciolo (Patriota).
Já se escreveu muito sobre a polarização destas eleições e sua natureza imprevisível.
A de 2018, porém, reúne elementos que desautorizam qualquer palpite sobre o seu desfecho.
Haverá segundo turno ou a fatura vai se liquidar ainda no primeiro?
Os levantamentos de Ibope e Datafolha sugerem que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) vão medir forças novamente na etapa seguinte.
Não seria descabida, no entanto, uma vitória do capitão reformado já neste domingo.
O que leva ao segundo aspecto a se observar sobre perdedores e vencedores das urnas.
Vença quem vencer, Bolsonaro termina com imenso capital político.
O militar, que entrou na corrida montado num partido minúsculo, sem tempo de TV e sem recursos, liderou todo o primeiro turno, no curso do qual manteve uma trajetória ascendente.
O parlamentar sequer oscilou negativamente, e mesmo nos piores momentos – houve muitos -, ele cresceu.
Hoje, Bolsonaro ocupa o espaço que já foi do PSDB: o campo conservador.
Não por acaso, foi em torno do deputado que se reuniram na última semana setores que tradicionalmente votam com os tucanos.
Notadamente o agronegócio e sua bancada ruralista, o empresariado, o setor financeiro e a numerosa representação parlamentar das denominações evangélicas no Congresso.
Bolsonaro converteu-se no pivô de uma fatia expressiva desse eleitorado para quem as pautas mais importantes são segurança, de um lado, e costumes e valores conservadores, de outro.
Asfixiado, o PSDB terá muito trabalho para reaver esse ativo que perdeu numa disputa marcada por elementos que subverteram a lógica habitual das campanhas no Brasil.
Esse fracasso da legenda deposita ainda mais responsabilidade sobre os ombros do tucano João Doria, ex-prefeito de São Paulo que deve ir ao segundo turno em São Paulo contra Paulo Skaf, do MDB.
A implosão do Partido da Social-Democracia Brasileira pode jogá-lo no colo de Doria, a quem caberia recolocar a legenda novamente em condições de concorrer.
Nada disso, porém, é certo – nem a vitória de Doria, que lidera as pesquisas contra Skaf e o atual governador Márcio França (PSB), um pouco atrás dos dois.