Cid Gomes, Eunício Oliveira e Camilo Santana durante campanha em Sobral (Foto: divulgação)

As críticas do senador eleito Cid Gomes (PDT) ao PT na noite dessa segunda-feira não sepultaram apenas os planos petistas de uma aproximação com o ex-presidenciável Ciro Gomes.

Os ataques também municiaram a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), adversário de Fernando Haddad (PT) no Ceará e no restante do País.

Ainda ontem, logo depois do tumultuado discurso de Cid no Marina Park, vídeos com o pedetista chamando os filiados do PT de “babacas” e “otários” e exigindo mea culpa da legenda passaram a circular velozmente entre militantes bolsonaristas.

O incidente, que compromete a aliança entre PDT e PT no Ceará e lança dúvidas sobre o futuro político do governador Camilo Santana (PT), ocorreu na véspera do maior ato da campanha de Bolsonaro em Fortaleza.

Nesta terça, a cúpula do PSL, partido do presidenciável que lidera com folga a corrida ao Planalto, inaugura comitê na capital cearense com a presença de deputados, vereadores e demais apoiadores de Bolsonaro no Estado.

Entre eles, Capitão Wagner, campeão de votos para a Câmara dos Deputados, e Eduardo Girão, senador eleito – ambos do Pros.

No Estado, os movimentos pró-Haddad e pró-Bolsonaro travam uma batalha pelo espólio eleitoral de Ciro.

Se são importantes para o militar, os cerca de 2 milhões de votos obtidos pelo pedetista no primeiro turno somariam preciosa fatia ao desempenho de Haddad, que só venceu Bolsonaro numa única região do País: o Nordeste.

Com um detalhe: o Ceará foi o único estado onde o postulante do PSL não iria sequer para o segundo turno – em primeiro lugar ficou Ciro, seguido de Haddad.

Logo, ampliar essa margem de vitória entre nordestinos é tarefa vital para que o ex-prefeito de São Paulo tenha uma sobrevida na disputa nos próximos dias.

As declarações de Cid, no entanto, jogam água no chope petista, que agora dificilmente poderá contar com o empenho direto da base do PDT para angariar esses votos.

Com ampla rede de prefeitos no Interior, a legenda brizolista é peça fundamental nessa estratégia – que Cid tratou de enterrar de vez em discurso encolerizado.

No dia 28 de outubro, o mapa de votações no Ceará não vai indicar apenas quem ganhou e quem perdeu no Estado, mas, principalmente, para onde o poder tenderá a mudar nos próximos dois anos.

Afinal, a sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT) está logo ali, em 2020.

 

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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